Na Rua do Pinheiro

terça-feira, 26 de julho de 2011

Dia dos Avós 2011

Hoje comemora-se o Dia dos Avós, essas pessoas que são novamente pais e mães quando têm um neto. E como já vai sendo habitual fui ao Lar da Santa Casada da Misericórdia para interagir com todos os idosos que lá se encontram e com as crianças que vieram da ATL e da Creche para participarem na festa. Um acontecimento que me deixa sempre emocionada. Que me lembra os avós que me ajudaram a criar e a formar o meu carácter.

Os avós surpreenderam-nos com o lindo quadro feito por eles e que estava exposto numa das paredes da sala. Digam lá se não têm jeitinho? Está lindo!
Depois de eu contar a minha história (que adoraram) foi a vez da avó Maria Rosa vir ao "palco".
Pasmem: para vir apresentar o poema que fez! Apesar de não saber ler nem escrever, ditou o poema que alguém do Lar passou para o papel.E eu tive o prazer de o declamar. Podem crer que isso me deu uma enorme satisfação. Mais uma vez se comprova que há muita sabedoria no velho ditado que diz: "velhos são os trapos"!


Para recordação deste dia as crianças deixaram impressas as suas mãos num placard, que ficou muito colorido.
Cantámos todos umas canções infantis e para terminar cantámos os Parabéns aos Avós acompanhado com muitas palmas.

Particularmente vou fazer também uma homenagem a uma avó que já não está entre nós.




LACUNA

Fazes-me falta
Quando em dias
De tristeza
Penso em ti;
Quando a solidão é pesada,
Quando a vida
Não é nada.
Fazes-me falta
Quando o sonho
Começa a ser impossível,
Quando cada minuto
É um gume
Que me corta
E desilude.
Faz-me falta
A tua calma e confiança,
A tua voz que minava
Esta revolta entranhada...
Hoje, resta-me recordar
Pois nem ervas daninhas nascem
Nessa pedra tumular!


Um grande XI-    

sábado, 16 de julho de 2011

Livros

Achei muito interessante o artigo sobre livros, escrito por Sofia Barrocas na rubrica "Trivial Pursuit", constante da Notícias/Magazine de 10.07.2011. Pensando bem acho que ela está cheia de razão. Ora leiam todos: pais e filhos.


"O que é que leva uma criança a gostar de livros? Porque é que entre os nossos filhos - a quem todos tivemos o cuidado de ler histórias na infância, de rodear de livros apelativos, de explicar a importância da leitura - temos uns (raros) leitores compulsivos, outros que vão lendo e uma larga maioria que nem sequer quer ouvir falar no assunto e só lê mesmo o que é obrigatório para a escola? Como é que conseguimos "passar a mensagem" a uns e embater no muro do desinteresse de outros?
Provavelmente começar a gostar de ler livros é tanto uma questão de oportunidade como de sorte. E oportunidades não faltam às crianças/jovens de hoje - a preocupação em motivá-las para a leitura é tanta que se calhar está a ter um efeito contrário ao pretendido. Já a aleatória sorte pode desempenhar um papel muito mais importante do que supomos. Sobretudo sorte em dar de caras com o livro (ou livros) certo(s), na idade certa, na altura certa. é quase como encontrar "a cara metade". Se temos essa sorte, é para a vida toda. Se não a temos, podemos passar ao lado de uma grande felicidade."




Espero que tenham a sorte de "dar de caras" com o livro certo para que, assim, possam sentir a felicidade e o prazer na leitura durante toda a vossa vida.



Um grande XI-    






quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Concerto dos Pombos

A Praça estava cheia de gente. Os pombos depenicavam aqui e ali os bocadinhos de bolo que as crianças atiravam para o chão.
- Manos, vamos aproveitar, que hoje há fartura…
O Homem-Estátua, coberto de tecido doirado, de cara enfarinhada e com uma coroa no alto da cabeça, pedia:
- Venham para cima dos meus ombros… Hoje, ninguém pára para me dar uma moeda…
Muitas vezes, quando as pessoas passavam apressadas, não reparando no Homem-Estátua, os pombos aninhavam-se na sua cabeça ou nos seus ombros. Era então que todos paravam a olhar e diziam a sorrir:
- Vejam! Olhem os pombos…tão engraçados!
Encantados, os turistas tiravam fotografias o mais rápido que lhes era possível, antes de os pombos levantarem voo e abandonarem o Homem-Estátua.
E deixavam uma moedinha.
- Não. Hoje não podemos ajudar-te… - respondeu um dos pombos mais velhos. – Temos de aproveitar estes bocadinhos de bolo que está uma maravilha.

E continuaram a depenicar os salpicos de bolo que as crianças atiravam para o chão.
A velhota que vendia saquinhos de milho, também pediu com uma voz muito triste:
- Queridos pombinhos não comam tanto bolo… Assim ninguém me compra os saquinhos de milho…
- Gostamos muito de milho…mas hoje a ementa é diferente. Preferimos o bolinho…
E a velhota ficou a pensar no dinheiro que não ganhará naquele domingo primaveril.
- Paciência…-sussurrou – hoje não jantarei…

À porta da igreja sentou-se o pedinte do costume. Enroscou-se ao canto da grande porta de madeira colocando as mãos debaixo do casaco castanho, muito velho e desbotado.
- Manos, - disse um dos pombos – o Isaías hoje tem o relógio avariado. A hora da missa já passou há muito tempo…
- Ele nem relógio tem… - respondeu um dos pombos mais novos, bicando um pedaço de bolo, que ficara entalado entre duas pedras da calçada.
O sacristão abriu a grande porta da igreja de par em par. E as pessoas começaram a entrar aos grupos. Que se passará? Missa a meio da tarde?
- Anda filha… - pediu uma senhora de casaco aos quadrados para uma criança que espalhava bocadinhos de queque pelo chão – Vai começar o Concerto.
Os pombos levantaram as cabecinhas quase todos ao mesmo tempo. Concerto!?
- Pronto. – Resignou-se o Homem-Estátua – Agora é que acabou mesmo. Irão todos para a igreja… já não irei receber mais nenhuma moedinha…
Era muito estranho o que se estava a passar. Toda a gente se dirigiu à igreja para o tal “co
ncerto”. Se era um concerto é porque alguma coisa estava a precisar de uma reparação.
- Talvez os bancos estejam partidos…- disse um dos pombos - Ou então foram pintar as paredes…Sempre ouvi dizer que a igreja precisa de uma pintura…
O mistério era grande.
Foi então que se ouviu um som que se espalhou por todo a Praça. Um som muito bonito e melodioso.
- É música… - disse o pombo que era considerado o mais inteligente do grupo - Não é nenhuma reparação da igreja, é música interpretada por uma orquestra.
- Uma quê!? – Exclamaram alguns.
- Uma orquestra. – Continuou – É um grupo de pessoas a tocar instrumentos, resultando neste som maravilhoso.
- Vamos espreitar…vamos… - pediram os pombos mais jovens – Vamos ver a “orbrestra”.
- Orquestra. – Esclareceram em coro os pombos mais velhos.
Juntaram-se todos na Praça. Voaram em direcção às aberturas abaixo do telhado. Aquelas pequenas janelas em arco, sem vitrais, eram o sítio ideal para apreciarem a tal orquestra.

Rapidamente, os parapeitos das janelas encheram-se de pombos que agitavam as asas para se encostarem uns aos outros e assim haver mais espaço para todos. Arrulhavam descontentes quando algum deles queria aproximar-se demasiado para ver melhor.
A igreja estava repleta: nos bancos corridos não havia nenhum lugar vago e estavam pessoas sentadas no chão, quer ao lado do altar quer no chão das naves colaterais, cujos altares estavam iluminados por imensas velas. A orquestra, frente ao altar principal, executava os últimos trechos da primeira melodia. O maestro ergueu a batuta e os últimos acordes soaram como uma tempestade.
As pessoas aplaudiram entusiasticamente. O som dos aplausos ecoou por toda a igreja. Os músicos levantaram-se. Sorriam de satisfação. O maestro voltou-se para o público e fez uma vénia para agradecer.
O concerto continuou e os pombos ouviam com muita emoção. o interior da igreja, lá do alto, estava esplendoroso. A luz das velas espalhava raios brilhantes sobre a talha dourada do altar e sobre as imagens dos santos.
Inesperadamente o maestro curvou-se levando a mão esquerda ao rosto. Fazia um esforço para endireitar o corpo mas em vão. Deixou cair a mão que segurava a batuta. E sem aguentar mais começou a espirrar, a espirrar, a espirrar. Notava-se que não conseguia suster aqueles malvados espirros. Os músicos deixaram de tocar e olhavam admirados para o maestro. Não sabiam que fazer. Os espirros continuavam. A assistência entreolhava-se sem saber se haviam de aplaudir ou não.
- Que azar… - disse um dos pombos mais velhos. Coitado do maestro. Que situação tão embaraçosa.
- As pessoas vão ficar desiludidas. – Disse outro pombo com tristeza.
Os espirros pareciam nunca mais acabar e o seu eco repercutia-se pela igreja.
- Manos - disse o pombo mais velho – temos de fazer alguma coisa.
- Fazer alguma coisa!? Por acaso sabes tocar algum instrumento? – Perguntou uma pomba sorrindo de troça.
- Já sei! – Gritou do seu poiso um dos pombos mais jovens que aprendera a voar há pouco tempo.
- O quê? Diz depressa.
- Será um final espetacular se levantarmos voo todos ao mesmo tempo e sobrevoarmos a igreja.
Todos gostaram da ideia.
- Vamos a isso – disse o pombo mais velho – Eu dou o sinal de partida. Atenção!...Um… dois… três.
Todos os pombos levantaram voo e sobrevoaram a igreja com elegância. As pessoas olhavam extasiadas aquela nuvem esvoaçante sobre as suas cabeças. Nunca tinham assistido a um concerto tão maravilhoso!
O maestro tinha deixado de espirrar e sem conseguir pronunciar qualquer palavra olhava boquiaberto para o que estava a acontecer. Com um gesto mandou os músicos e o público levantarem-se e todos aplaudiram fortemente enquanto os pombos davam a segunda volta à igreja. Por fim saíram pelas janelas pequeninas em direção à praça.
Todos saíram da igreja a correr.
- Será que há fogo? – Murmurou a velhota dos saquinhos de milho vendo toda aquela gente correr para si.
- Quero um saco de milho…

- Desculpe, eu cheguei primeiro…
- Eu quero dois sacos…
-Não leve todos que eu também quero.
A velhota não cabia em si de contente. Não compreendia o que se estava a passar, mas de uma coisa estava certa: iria ter um magnífico jantar.
E foi assim que, naquele fim de tarde, os pombos da Praça ficaram com dores de barriga por terem comido tanto milho.

                                                                 Eugénia Edviges

Um grande XI-    

terça-feira, 12 de julho de 2011

Outra vez a poupa da minha história

Todos os dias, num minúsculo jardim metido entre garagens e frente à minha porta, tenho um encontro . É um encontro que me deixa tão feliz que não resisti a tirar umas fotos. Ora vejam lá se reconhecem:



Tal e qual! É uma poupa igual à poupa da minha história do livro "Marta Aprende a Voar"!




Ou melhor dizendo: são duas poupas iguais à poupa da minha história do livro "Marta Aprende a Voar"! Deve ser um casal e com certeza que têm ninho numa das amoreiras que lá existem. Oxalá ninguém se lembre de cortar a árvore! Sabem que os seus ovos são azuis-esverdeados? E o canto delas é mais ou menos como hoop - hoop? São lindas! E vejo-as todos os dias no outro lado da rua.

Um grande XI-    

 da minha parte e outro que enviam as minhas vizinhas poupas.