Aproxima-se o Dia das Bruxas que é a 31 de Outubro. Para comemorar esse dia escrevi uma história sobre bruxas. Trata-se da Bruxinha Filó que quer pertencer ao Clube das Bruxas Malvadas. Ora leiam lá para ficarem a saber o que é que aconteceu:
O Clube das Bruxas
Malvadas
A bruxinha Filó estava muito contente.
Acabara o Curso de Bruxaria com uma boa nota. Era, finalmente, uma bruxa. Mas,
não bastava ter o diploma de bruxa. Tinha de fazer parte do Clube das Bruxas
Malvadas, um clube que existia há muitos anos na zona onde Filó vivia. Como
fazer para pertencer ao Clube …?
Soubera na escola que as Bruxas
Malvadas reuniam-se todas as sextas feiras, à meia-noite, na Floresta
Encantada. Filó receava o escuro da noite mas a vontade de pertencer ao Clube
das Bruxas Malvadas era tão grande que tudo faria para ser uma Bruxa Malvada.
Quando chegou a meia-noite de sexta
feira a bruxinha Filó vestiu o seu vestido preto que lhe dava pelos
tornozelos. As mangas eram tão largas que por vezes a atrapalhavam nos
movimentos dos braços. Colocou na cabeça o grande chapéu bicudo, agarrou o seu
gato preto Carvão e lá seguiu para a Floresta Encantada. Tremia de medo e
parecia-lhe ouvir barulho por trás de todas as árvores e arbustos. Até que
chegou à clareira onde o Clube se reunia. No centro havia um caldeirão ao lume
que deitava um fumo negro que se misturava com as folhas das árvores.
As
bruxas ainda não tinham chegado. Filó escondeu-se por trás de uma árvore e ali
ficou à espera das Bruxas Malvadas.
Passado algum tempo começou a ouvir
umas risadas muito esquisitas e uns gritos que vinham do céu:
Somos as
Bruxas Malvadas!
Ah! Ah!
Ah! Ah!Ah!
Mais
maldade do que a nossa
não há
Filó
ergueu os olhos para o céu escuro. As bruxas chegavam montadas nas suas vassouras
de palha. Continuaram a rir dando duas voltas à clareira. Todas traziam um gato
negro, de olhos amarelos brilhantes, também sentados nos paus das vassouras.
Desceram em grande alarido e
dirigiram-se a um canto da clareira onde deixaram todas as vassouras. Perto
dali, estava escrito numa folha de papel:
Parque
de Estacionamento
de
Vassouras
|
Sentaram-se ao redor do caldeirão. Os
gatos enroscaram-se e, metendo os focinhos entre as patas, prepararam-se para
dormir uma soneca.
Uma das bruxas, que pareceu a Filó ser
a mais importante do grupo, subiu para cima de um estrado e começou por dizer:
-
Queridas Bruxas Malvadas, obrigada por terem vindo à nossa habitual reunião.
Como vêm temos aqui um caldeirão que contém a Poção Mágica da Força e da Malvadez.
Sirvam-se à vontade. Bruxa Mároska, aconselho-a a beber a Poção porque acho que
anda muito fraca para fazer as suas maldades.
- Sim,
Bruxa Malvadina – respondeu a Bruxa Mároska – irei seguir o seu conselho.
- Eu
também vou beber – disse a Bruxa Cartuxa - Quando alguém me chama bruxa começo
a rir em vez de fazer uma maldade e, assim, as pessoas hão-de julgar que já não
sou má.
Mexeram
muito bem a poção com uma grande colher de pau e encheram as tigelas. Depois
sentaram-se para saborearem a Poção da Força e da Malvadez que a Bruxa
Malvadina tinha preparado.
A bruxinha Filó achou que era a melhor altura
para aparecer. E, enchendo-se de coragem, dirigiu-se às Bruxas Malvadas. A
Bruxa Malvadina que foi a primeira a reparar nela, gritou:
- Quem és
tu? Que estás aqui a fazer? – Reparando na roupa que Filó trazia vestida,
acrescentou:
– És uma Bruxa?
-
Sou…sim… - gaguejou a bruxinha Filó – Tirei o Curso de Bruxaria há pouco tempo…
e vim à vossa reunião porque gos…gostaria muito de pertencer…ao… Clu.. ao Clube
das Bruxas Malvadas.
As Bruxas Malvadas riram com gosto.
Aquela desconhecida queria ser bruxa!
- Ah! Ah!
Queres ser bruxa? Onde está teu gato? - Perguntou a Bruxa Mároska
- Está
aqui…
-Parece-me
um belo gato de bruxa… - murmurou a Bruxa Malvadina olhando pensativa para
Carvão – Está aprovado.
-Também tens um caldeirão? – Perguntou a Bruxa
Cartuxa perdida de riso.
- Não…não
tenho… Mas tenho o diploma…que me deram quando acabei…acabei o Curso.
Rebentaram novamente as gargalhadas.
-Ah! Ah!
Um diploma! Ah! Ah!
- Como te
chamas? – Perguntou a Bruxa Malvadina que era a única que não se ria.
- Filó.
Mais gargalhadas soaram
- Filó! –
Ah! Ah! Ah! Que bonito nome de bruxa! Ah! Ah!
- Bruxas
Malvadas – gritou a Bruxa Malvadina – peço-vos que não se riam.
-
Desculpe Bruxa Malvadina, mas dá vontade de rir.
- Vamos
dar-lhe uma oportunidade. – E dirigindo-se a Filó. - Para pertenceres ao Clube
das Bruxas Malvadas tens de contar algumas maldades que fizeste.
Filó ficou muito contente. Tudo faria
para pertencer ao Clube. Pensou nas maldades que fizera e que poderiam agradar
às Bruxas Malvadas.
Que iria acontecer? Será que as Bruxas
Malvadas aceitariam as maldades que ela cometera?
Filó subiu para o estrado e começou:
- Fui um
dia passear para o jardim e vi umas pessoas que estavam a comer em cima da
relva. Quando acabaram de comer deitaram todo o lixo para o chão. Antes de se
irem embora eu aproximei-me delas e disse as Palavras Mágicas:
Abracadabra
nariz de cabra
O lixo
no chão não é para ficar
Abracadabra
nariz de cabra
Eu faço
um bruxedo não conseguem andar
Tentaram sair do lugar mas não
conseguiam. Os pés ficaram colados ao chão. Estavam cheias de medo. Só as
soltei quando prometeram pôr todo o lixo num saco e nunca mais fazerem o mesmo.
- Que
grande maldade! – Disseram as Bruxas em coro – Está aprovada!
Filó continuou:
-
Encontrei na Floresta um homem que estava a fumar. Não teve cuidado e deitou o
cigarro para o chão pegando fogo a uma árvore. Preparava-se para fugir mas eu
aproximei-me dele e disse as Palavras Mágicas:
Abracadabra
nariz de cabra
Não
podes fugir tens de aprender
Abracadabra
nariz de cabra
Eu
faço um bruxedo o teu cabelo vai arder
O cabelo do homem começou a arder e
ele muito aflito jurou nunca mais deitar os cigarros para o chão. Apagou o fogo
e fugiu aterrorizado com a cabeça chamuscada, da cor dos nossos gatos.
- Que
grande maldade! – Disseram outra vez as bruxas em coro – Está aprovada!
- Muito
bem! – Disse a Bruxa Malvadina – A partir de hoje fazes parte do Clube das
Bruxas Malvadas. Como Filó não é nome para uma bruxa passarás a chamar-te Bruxa
Crueldite. E mereces beber a nossa Poção da Força e da Malvadez.
Todas concordaram com o que a Bruxa
Malvadina tinha decidido.
A Bruxa Crueldite sentou-se entre
elas. Estava feliz por finalmente ser uma Bruxa Malvada. Bebeu a Poção e logo
sentiu muita força e vontade de praticar mais maldades.
- No Dia
das Bruxas farás muitas maldades connosco. – Disse a Bruxa Cartuxa - E agora só
falta ensinar-te a receita da Poção Mágica da Força e da Malvadez. É assim:
Cem
gramas de pó de lagarto
Cinquenta
gramas de línguas de sapo
Bem
raladinha casca de limão
E
uma colher bem cheia de açafrão.
Dez
lagartas fritas em azeite
E
misturar bem uma chávena de leite
Uma
dúzia de ovos de serpente
Mais
um litro de água quente
Passar
tudo bem pelo passador
Com
um pouco de sal para dar sabor.
-
Obrigada Bruxa Cartuxa. Para a próxima reunião eu é que farei a Poção
Mágica.
- Não
esquecemos o teu prémio. – Disse a Bruxa Cartuxa – Aqui está!
A Bruxa Crueldite ficou encantada. O
seu prémio era uma vassoura! Como estava feliz! Radiante sentou-se na vassoura
acompanhada pelo Carvão. E voou pelo céu, soltando gargalhadas de
contentamento. Todas as outras Bruxas Malvadas a seguiram e o eco das suas
vozes soava na noite escura:
Somos as Bruxas
Malvadas!
Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!
Maior maldade do que a
nossa
Não há!
Eugénia Edviges
Um grande xi-coração embruxado