Na Rua do Pinheiro

segunda-feira, 18 de março de 2013

Sobre António Correia de Oliveira






     António Correia de Oliveira nasceu em S. Pedro do Sul em 1878 e faleceu em Esposende em 1960. Foi um dos poetas oficiosos do Estado Novo, com inúmeros textos escolhidos para os livros únicos de língua portuguesa do sistema de ensino primário e secundário. Foi o primeiro português a ser nomeado para o Prémio Nobel em 1933.

     Alguns versos de António Correia de Oliveira que fui descobrir num meu caderninho de 1980. Sabíamos estes versos de cor porque constavam nos livros de leitura do ensino primário:

Batem os sinos trindades
Cessam no campo as ceifeiras
Voltam os bois das herdades
Morre o sussurro das eiras...
Vem a noite, vai-se o dia... Avé Maria!


Minha terra quem me dera
Ser humilde lavrador
Ter o pão de cada dia,
Ter a graça do Senhor!
Cavar-te por minhas mãos,
Com caridade e amor.
Minha terra, quem me dera
Ser um poeta afamado
Ter a sina de Camões,
Andar em naus embarcado,
Mostrar às outras nações
Portugal alevantado.


Eu não sei que tem o sol!
Desde Maio, manhãzinha,
Não mais sai do meu beiral,
Como se fora andorinha!


Violas e cantadores
Sempre Portugal os teve
Desde o Alentejo de fogo
Até à Estrela da neve.


Digam lá o que disserem
(O dizer bem pouco importa):
Não há degrau, nem de trono
Igual ao da minha porta.


Um grande xi-coração

domingo, 17 de março de 2013

Como Nasce Um Livro - Matilde Rosa Araújo

Um livro nasce de uma árvore.
Uma árvore da terra.
Uma árvore que teve folhas, flores,
pássaros, frutos.
Uma árvore que viveu,
amou (deu sombra e luz),
riu, chorou.
E um livro tem folhas também.
Quem o escreveu (o autor) fechou os olhos
um dia.
Depois de ver muito
Olhar
Sonhar.
E escreveu
Como quem canta
Ou chora.
E vieram depois
Os operários tipográficos,
Compositores,
Encadernadores.
E os carros transportam
Os livros para as livrarias.
E nas livrarias, vendem os livros
a quem os pode comprar.
E vão também para as bibliotecas.
Todos devem poder ler livros.
Os livros com as suas folhas
Como as árvores
que estão nos caminhos
ao sol e à chuva.
Devem ser para toda a gente
Como o sol quando nasce.


Um grande xi-coração