Na Rua do Pinheiro

domingo, 3 de agosto de 2014

A Borboleta e o Canário

Eis uma pequena peça de teatro que eu escrevi já há uns aninhos. Como estão de férias que tal trabalharem esta peça e representarem-na para os pais e os avós? Poderá até haver um narrador. Tenho a certeza que vão ter um grande sucesso junto da família. Beijinhos
A Borboleta e o Canário
 Num lindo jardim um canário tentava namorar uma borboleta lindíssima.

CANÁRIO – LINDA BORBOLETA; POSSO POISAR NESTA FLOR PERTO DE TI?

BORBOLETA – NÃO, PORQUE NÃO TE CONHEÇO… PORTANTO NÃO GOSTO DE TI
.
CANÁRIO - POR QUE ÉS TÃO ARROGANTE? SABES MUITO BEM QUE TENHO POR TI
 UM GRANDE AMOR! AI! AI
!
BORBOLETA – CHEGA-TE PARA LÁ QUE JÁ ESTOU A SENTIR CALOR!

CANÁRIO – PORQUE SERÁ QUE ÉS ASSIM? GOSTARÁS DE OUTRO ALÉM DE MIM?

BORBOLETA – EU NUNCA GOSTEI DE TI…

 O canário vai-se aproximando mais

CANÁRIO – SE TU ME DESSES UM BEIJO SERIA O MAIS FELIZ CANÁRIO…

BORBOLETA - BEIJAR ESSE BICO!? ANTES BEIJAVA UM PAPAGAIO!

CANÁRIO – SE TU QUISESSES IA-MOS FALAR COM O PADRE MOCHO E ELE NOS CASARIA…

BORBOLETA – DEUS ME LIVRE! NESSE DIA ME MATARIA

 O canário começa a soluçar e diz:



CANÁRIO - NÃO, NÃO! SOFRERIA MUITO O MEU CORAÇÃO!

BORBOLETA – COITADO! E ACHAS QUE TENS CORAÇÃO?

CANÁRIO – BRINCAS, BRINCAS, MAS UM DIA HÁS-DE CAIR NOS MEUS BRAÇOS…

BORBOLETA – Ah! Ah! DEIXA-ME RIR! SÃO CORDAS, NÃO SÃO ABRAÇOS!

CANÁRIO – SE ME QUISESSES OFERECIA-TE JÓIAS, PRATA, OIRO…

BORBOLETA – LONGE VÁ O AGOIRO!

CANÁRIO – NO DIA DA NOSSA FESTA EU ATÉ CANTARIA MUITO AFINADINHO
.
BORBOLETA – E QUEM SERIA O PADRINHO?

CANÁRIO – ORA,  HAVIA DE SE ARRANJAR.

BORBOLETA – DIZES QUE CANTAS BEM MAS AINDA NÃO TE OUVI CANTAR…

O canário canta lindamente. A borboleta chega-se mais para ele.


BORBOLETA – OH QUE LINDO! COMO A TUA VOZ ENTOA! VAMOS CHAMAR O PADRE MOCHO! VAMOS PREPARAR A BODA!

Eugénia Edviges

Um grande xi-coração

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Férias com Livros

Começaram as férias! Que bom ! Vão ter oportunidade de tomar banho na praia ou no rio, de participar nas actividades culturais do vosso concelho, de ir ao cinema ou ao teatro, de passear com os pais pelo jardim, sei lá! Podem fazer" milhentas" coisas! Ah! é verdade, não esqueçam a leitura. Podem, com a ajuda dos pais, escolher os livros que irão apreciar durante as férias. Aqui ficam várias dicas.  


                                


             Texto: Álvaro Magalhães
                    Ilustração: Carlos J. Campos 




Texto: Luisa Ducla Soares
 Ilustração: M. João Lopes




                        Texto: Mia Couto
                                    Ilustração: Danuta Wojciechowska





 Texto: M. João Lopo de Carvalho
   Ilustração: Helena Nogueira







                                      Texto: Alice Vieira
                                       Ilustração: Carla Nazaret





 Texto:José Jorge Letria
   Ilustração: Tiago Albuquerque
















Texto: Sophia de Melo Breyner Andressen
 Ilustração: Pedro Sousa Tavares












Um grande xi-coração e BOAS FÉRIAS com boa leitura!

sábado, 24 de maio de 2014

Olá amiguinhos! Desculpem a minha ausência mas tenho andado muito atarefada. Acontece que do meu conto "A Festa dos Cravos" adaptei uma pequena peça à qual dei o mesmo nome. Arranjei sete crianças para serem os cravinhos e eu própria fiz de jardineiro, o jardineiro Florindo. A encenação esteve a cargo do animador cultural da Câmara Municipal de Benavente, Domingos Lobo, que fez um excelente trabalho. Os cravinhos foram: a Ana Cláudia, o André, a Andrea, a Iara, a Leonor, a Raquel e a Rita, que se portaram lindamente. Aqui fica um "cheirinho" do espectáculo que teve muito colorido e alegria.





O espectáculo também teve duas canções. Esta foi a canção final. Música da Galinha Magricela da Turma do Balão Mágico (não sei se conhecem).




Um grande xi-coração

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dia Internacional do Livro Infantil

Olá! Como já devem saber, hoje é o Dia Internacional do Livro Infantil. Se têm seguido o meu blogue, decerto se há-dem lembrar do que escrevi no dia 2 de Abril de 2011. Se não se lembrarem aconselho-vos a recordar, abrindo a etiqueta respectiva: Dia Internacional do Livro Infantil
Se forem ler a etiqueta ficarão a saber porque é que este dia foi designado como o dia do livro infantil.
Hoje, vou falar de três autores que contribuíram para o desenvolvimento dos contos infantis, para além de Hans Christian Andersen. São eles: Esopo, Charles Perrault e os Irmãos Grimm.

ESOPO
escritor da grécia antiga, terá nascido no final do séc. VII a.C. São-lhe atribuídas várias fábulas. É ele o "pai" da fábula. As sua fábulas serviram como base para outros escritores como, por exemplo, La Fontaine. Não conhecem Esopo?? Conhecem com certeza! Ora vejam lá se não conhecem:

escreveu as seguintes fábulas:
A Cigarra e a formiga
A Tartaruga e a Lebre
O Lobo e o Cordeiro
A Raposa e as Uvas

CHARLES PERRAULT
Nasceu em Paris no dia 12 de Janeiro de 1628. Foi escritor de prosa e poesia. Foi ele que estabeleceu as bases para um novo género literário e do qual vocês tanto gostam: o conto de fadas. Foi considerado o "pai" da literatura infantil. E também o conhecem!

escreveu:
O Capuchinho Vermelho
O Gato das Botas
A Bela Adormecida
O Pequeno Polegar
As Fadas

IRMÃOS GRIMM
Jacob Grimm e Wilhelm Grimm nasceram na Alemanha em 4 de Janeiro de 1785 e 24 de Fevereiro de 1786, respectivamente. Dedicaram-se a compilar várias fábulas infantis e contribuíram para o desenvolvimento da língua alemã com o livro: "O Grande Dicionário Alemão". Fizeram versões novas de alguns contos já existentes entre os quais "O Capuchinho Vermelho" de Perrault. Ah! E também os conhecem. Querem apostar?

escreveram:
Rapunzel
O Lobo e os Sete Cabritinhos
Branca de Neve 
Hansel e Gretel

Pois é! É muito gratificante conhecermos os escritores que nos fazem sonhar ao lermos as suas histórias. É ou não é? Agora já podem proferir estes nomes quando vos contarem a história do capuchinho vermelho,  da Rapunzel ou  a da cigarra e da formiga...

Um xi-coração do tamanho de todas as histórias infantis. 



  

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Canção das Vogais





Que jogo engraçado
Este das vogais
Repara lá tu
Se não achas graça
A- E -I -O -U


Vamos todos cantar
A canção das vogais
Canto eu e cantas tu
Que não custa nada
A- E -I -O -U

Eu aprendo a ler
Bem devagarinho
Aprendo eu e aprendes tu
Já sabemos dizer
A -E- I -O- U

Fazem-me cócegas
Na palma da mão
Ora vê lá tu
Se não são malandras
A- E- I -O- U
  
O meu papagaio
Lá no seu poleiro
Sabe como tu
Também ele já diz

A- E- I -O- U



Um grande xi-coração

Eugénia Edviges


domingo, 15 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL!

Desejo a todas as crianças 
um Natal cheio de esperanças.
Muitos livros com magia
Muito amor e alegria.
E se também puder ser,
(Não poderei esquecer),
Posto com muito carinho
uma prenda no sapatinho!


Já escreveram ao Pai Natal? Os livros que publiquei no blogue sobre o Natal são uma boa opção de leitura.

Bom Natal para todos com muitos livros, boas leituras, porque as histórias despertam os nossos sonhos! 





Um grande xi- coração natalício!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

As Lendas de S. Baco

            
Outra lenda da minha terra com uma versão da minha autoria.  Para isso consultei dois livros editados pela Câmara Municipal de Benavente. São eles: "Aspectos da Religiosidade Popular do Concelho de Benavente" de Mário Justino Silva e Maria Filomena Santos Henriques e "O Convento de Jenicó" de Alfredo Betâmio de Almeida.



As Lendas de S. Baco, o Mártir

            Mandado construir em 1542 por D. Luís, o convento erguia-se entre Benavente e Salvaterra de Magos rodeado por campos de searas. Construção austera, feita de materiais grosseiros. O acesso era feito por caminhos de terra batida. Tinha uma capela, um refeitório e um dormitório, este situado no primeiro andar. Nesse convento ficou instalada a Ordem dos Frades Capuchos da Arrábida, que ali viviam em penitência, austeridade e sem conforto, sobrevivendo apenas com caldo e pão. A sua indumentária era composta por capucho de burel. Andavam descalços e de cruz ao peito.
            O santo idolatrado pelos frades capuchos era S. Baco, o Mártir, cuja imagem estava exposta na capela do convento. Ali acorriam os camponeses a quem as árvores de fruto adoeciam com o pulgão. Acreditavam, com devoção, que o santo podia livrar as árvores daquela praga. Eram muitos os que procuravam as curas para os seus males junto de S. Baco, embora a sua imagem, com cerca de um metro de altura, seja desproporcionada, tendo apenas alguma beleza no rosto e nas barbas. Era também considerado o advogado contra as sezões. Por isso mesmo, as costas do santo estão gastas, devido às raspagens provocadas pelas pessoas. O pó assim obtido, “pó de santo”, era misturado com água que, pensavam, curava as malditas febres.
            Certo dia um camponês, como forma de agradecer a S. Baco o ter arranjado emprego na apanha da uva, levou um grande cacho de uvas que depositou aos pés da imagem. O cacho ali ficou durante vários dias mantendo-se sempre fresco.
            Entretanto, o camponês foi despedido sem o esperar. Revoltado, voltou à capela e, agarrando no cacho de uvas, comeu-o sofregamente, enquanto dizia muito zangado:
- Fui parvo em acreditar em ti, S. Baco. Nunca mais te farei ofertas. És um santo muito feio.
            Saiu a cambalear. Conseguiu chegar a casa com muito esforço, vindo a falecer pouco tempo depois.
            A notícia correu célere, galgando montes e povoados. A partir dessa altura ninguém arriscava rir-se da fealdade do santo com receio de lhe acontecer algum azar.
            Passaram os anos. O convento fora deixado pelos frades em 1834 e apenas o povo, devoto, continuava em peregrinação à capela de S. Baco.
            Aquele dia, que amanhecera cinzento, prometia tempestade. Os cães uivaram toda a manhã e as nuvens enroladas em poeira, tenebrosas, pareciam sufocar as casas e os campos. O vento soprou em redemoinho. E o pior aconteceu: a terra tremeu como se dentro de si estivesse um monstro a rugir com fúria.    
            O povo olhava com pavor o convento destruído pelo abalo. Mas a imagem lá estava, no seu nicho da capela, rodeada pelos escombros. Com o peito em fogo ajoelhou-se e rezou perante a imagem imaculada.
- Milagre! – Gritavam, ao verem a imagem, intacta, no seu lugar.- Como é possível?
- O melhor é levá-lo daqui para outro lugar. – Opinou alguém entre a multidão.
- Para a Igreja Matriz… - respondeu uma voz num sussurro.
            Todos acharam bem. Antes que houvesse alguma réplica do abalo era urgente levar a imagem para lugar seguro.
            Depressa arranjaram uma junta de bois que seria guiada pelo campino mais experiente da lezíria.
            No dia seguinte, ainda mal o sol despontara já o campino estava junto da imagem com a junta de bois encangada ao cabeçalho da carroça de madeira. Exibia a vara de ferrão que o ajudaria a encaminhar a junta em direcção à igreja matriz da vila.
            Chegaram os moços mais fortes e morenos da vila para ajudarem a carregar a imagem de S. Baco para cima da carroça.
            Algumas mulheres, de Salvaterra de Magos e de Benavente, juntaram-se em grupo na encruzilhada do caminho de terra batida. De lenços na cabeça e de dedos cruzados sobre o peito rezavam uma oração em surdina enquanto os trabalhos decorriam.
            Não demorou muito. S. Baco, no meio da carroça, de braço direito um pouco soerguido, parecia guiar a junta de bois.
- Vamos embora! – Gritou o campino para os animais, picando-os com a vara.
            Os animais iniciaram a marcha. Tudo correu bem até à encruzilhada que serve as duas localidades. Estacaram e não parecia que quisessem recomeçar o andamento.
- Vá! Embora!  – Gritava o campino tentando conduzir a junta através do caminho.
            Mas nada. Apesar das investidas com a vara, o campino não conseguia que os bois se movessem do lugar onde estavam. As tentativas eram inúteis.
            Todos empurravam a carroça enquanto o campino, de rosto suado, puxava os bois pela frente.
            Pouco a pouco os ânimos foram esmorecendo. Que fazer? O que é que tinham os animais?
- É obra de S. Baco. – Murmurou uma velhota vestida de preto e de xaile pela cabeça.
- Quererá ir para Salvaterra? – Perguntou a sorrir um dos ajudantes.
            Todos se entreolharam. Talvez. Porque não?
                       Ilustração na página 56 do livro "O Convento de Jenicó". Desenho de João da Silva
            
             O campino puxou os bois para o lado de Salvaterra. Com a vara encaminhava-os enquanto gritava:
- Volta boi!  Ei!
            Perante a admiração de todos, os bois recomeçaram a marcha em direcção a Salvaterra de Magos. Mas eis que, andados escassos metros, as rodas da carroça ficaram atoladas no barro do caminho! Desanimados, os ajudantes e o grupo de curiosos, sentaram-se à borda do campo cultivado, sobre as ervas altas e os tufos de malmequeres da cor do sol.
            Não sabiam que dizer nem que opinar. O poder de S. Baco era enorme e nada mais iriam conseguir.
- Aproxima-se alguém…- disse o campino segurando ao alto a vara de ferrão. Colocara o barrete sobre os ombros para limpar o suor da testa pelo esforço despendido.
            Olharam. Aproximava-se devagar, apoiado a um bordão, um velhote de barbas espessas e grisalhas. Ninguém o conhecia. Parou frente à junta de bois e pousando as mãos sobre a cabeça dos animais, murmurou num fio de voz:
- Voltem para trás para o nicho da capela, que o carro andará imediatamente…
            O campino assim fez impelindo os animais a retrocederem.
- Ei! Volta boi! Embora!
            Como por milagre os bois voltaram com a maior das facilidades e o regresso ao convento fez-se rapidamente e sem esforço algum.
            No fim, contentes do dever cumprido, todos procuraram com o olhar o velhote das barbas para agradecerem. Mas desaparecera sem que ninguém reparasse no caminho que seguira.
            De novo se ouviu a voz da velhota vestida de preto e de xaile pela cabeça:
- Era o S. Baco…! Era o S. Baco!
            Persignaram-se batendo forte no peito e na testa.
            As lendas de S. Baco mantiveram-se até aos nossos dias, passando de boca em boca, de geração em geração. Talvez um pouco adulteradas pela imaginação do nosso povo. E pela criação de um escritor.

Agora o dicionário:

sezões - febres altas provocadas pela picada do mosquito (paludismo)
encangada - quando a junta de bois está presa na canga (peça que se coloca sobre a carroça)
persignar - fazer o sinal da cruz na testa, nos lábios e no peito


Eugénia Edviges /Setembro 2013

Uma grande xi-coração