"Sempre gostei de escrever para as crianças. Delicio-me com as histórias e com as personagens que vão desfilando na minha imaginação e que caem no papel, qual passe de mágica. E quando as finalizo sorriu emocionada prevendo a alegria que irão proporcionar a todos os pequenos leitores.
Mas colaborar com os alunos do 4º ano do Agrupamento de Escolas Duarte Lopes, no sentido de eles próprios criarem a sua história, foi realmente compensador.
Este trabalho foi executado com a firmeza das suas ideias e com a partilha do diálogo entre todos. E durante todo o tempo em que o texto foi escrito, senti-me guiada pela imaginação prodigiosa daqueles escritores de palmo e meio.
Como já tive oportunidade de referir, sobre um trabalho que fiz anteriormente com as crianças das escolas, esta literatura se tivesse que ter um nome não seria decerto “Literatura Infanto-Juvenil” ou “Literatura Para Crianças”, mas seria com certeza “Literatura dos Melhores Escritores do Mundo."
A sereiazinha tinha os cabelos loiros e compridos, que lhe chegavam à cauda com escamas brilhantes, cor do coral. O seu nome era Pérola.
Tinha por amigo o golfinho Rubi, que muito a ajudava, quando a sereia, por ser muito curiosa, se metia em vários sarilhos. Rubi era muito meigo e brincalhão e quando soltava o seu riso característico todos os animais marinhos o ouviam no mar imenso.
Num certo dia, Pérola acordou e pensou:
- Como eu gostaria de conhecer outros mares…, outros animais marinhos…, outros corais… e praias de areia fina…! Vou pedir ao Rubi para me acompanhar na viagem e proteger, no caso de haver algum problema.
Quando a Pé

- Minha querida Pérola, isso é muito perigoso! Teremos de atravessar os sítios onde há animais muito perigosos, como as orcas e os tubarões tigre. E …como sabes, são uma ameaça para nós.
- Não há-de acontecer nada, porque temos de conhecer tudo o que existe à nossa volta. E se tu és meu amigo, tens de me acompanhar.
- Está bem! Eu vou. Mas vais sempre ao meu lado e atenta ao perigo.
A sereia Pérola fez a cama, cobriu-a com a colcha feita de flores marinhas, apagou o candeeiro-anémona, cerrou as cortinas das janelas feitas de algas esverdeadas, fechou a porta coberta de conchas e partiu com Rubi, que estava um pouco apreensivo com o que podia acontecer.
Pelo caminho encontraram vários peixinhos coloridos que os cumprimentavam e todos diziam para terem cuidado.
A determinada altura aperceberam-se de uns barulhos esquisitos. Parecia um motor a trabalhar. A sereia e o golfinho assustaram-se.
-Ai sereiazinha, parece-me o barulho de um barco de pescadores furtivos. E esses trazem sempre redes e podemos ficar presos nelas.
O barulho aproximou-se ainda mais. De repente, qualquer coisa cortou o corpo do golfinho que gritou:
- Já estou ferido! Temos de fugir antes que os tubarões nos apanhem!
Quando Pérola se aproximou do golfinho para o ajudar, sentiu que a sua cauda estava presa na rede.
Que grande aflição!
Pérola estava aflita. O seu amigo tinha sido ferido pela hélice do barco e ela estava presa naquelas malditas redes. Apetecia-lhe chorar porque nada podia fazer para ajudar o seu amiguinho.
O golfinho Rubi pensou que, por estar ferido e ensanguentado, continuava a correr perigo de vida devido aos tubarões e outros predadores, poderem aparecer ao cheiro do sangue, que se espalhou no mar. Estava muito dorido mas tinha de libertar Pérola das redes.
Aproximou-se, com dificuldade de Pérola, e com os dentes começou a rasgar a zona da rede que a prendia. Sentia-se quase a desmaiar pelo esforço que estava a fazer. Pérola gritou aflita:
- Amiguinho! Os tubarões podem chegar a qualquer momento. Vai-te embora e procura alguns amigos do fundo do mar para me ajudar!
- Não, não te abandonarei! Os amigos ajudam-se nas piores aflições! – E continuou a roer a rede.
Mas o perigo aproximava-se. Por entre cardumes das mais variadas espécies e cores, surgiram dois tubarões ameaçadores. Vinham em direcção ao Rubi. Pérola gritou:
- Vamos fugir Rubi! Eles vão atacar-te!
No meio daquela confusão ouviu-se:
- Ó Zé, vamos embora, que aqui já não apanhamos nada, a rede parece que está rota! Foi algum tubarão, é preciso ter cuidado!
- Acho boa ideia - Ouve-se o outro pescador responder – Vamos embora depressa!
Começou a ouvir-se o arranque do motor. O barco deu a curva com muita velocidade, fazendo com que o mastro da bandeira caísse na água. Os pescadores não deram pela falta dela e afastaram-se.
- Estamos salvos – Diz Pérola enquanto agarra o mastro da bandeira.
O Rubi ficou muito admirado. Pensou que Pérola estava a ficar doente. Salvos como? Não pode ser!
- Sabes Rubi, na escola que eu frequento no jardim do Coral Azul, ensinaram-me que batendo no nariz dos tubarões, eles ficam estonteados e podem afastar-se. Vamos tentar!
Os tubarões estão muito próximo do Rubi e de Pérola. Rubi tinha muitas dores e Pérola tremia de medo mas cheia de coragem. Então com toda a força que arranjou, deu pancadas no nariz dos tubarões. Como por milagre, estes começaram a ficar zonzos e desfalecidos.
Nessa altura Rubi disse:
- Fujamos agora Pérola! Vamos aproveitar este momento!
- Encosta-te a mim – Disse Pérola – Eu ajudo-te a chegar ao consultório do Dr. Tentáculo.
Lá seguiram com muita dificuldade, enquanto os tubarões os vêem partir e sem forças para os apanhar.
O Dr. Tentáculo morava perto do Jardim do Coral Azul, numa gruta gigante entre duas rochas.
Rubi e Pérola estavam radiantes. O Dr. Tentáculo tinha sido incansável e podiam voltar para casa descontraídos.
- Pérola que isto te sirva de lição! É perigoso afastarmo-nos de casa, espero que não voltes a ter ideias destas!
Pérola sorriu e disse muito baixinho para o Rubi não ouvir:
- É tão bom descobrir coisas novas!
Um grande xi-coração