Na Rua do Pinheiro

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Bom Ano de 2012

Desejo que no ano de 2012 procures muitos livros de histórias. Histórias que irão povoar o teu imaginário, que te farão sorrir, sonhar e crescer em harmonia. Espero que ocupes muito do teu tempo na Biblioteca, lugar de encontros, de partilhas e de aprendizagem. Se um livro é um amigo, na Biblioteca encontrarás muitos amigos à tua espera!

Bom Ano Novo repleto de livros.



Um grande XI-    

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Biografia - Alexandre Parafita


Alexandre Parafita nasceu em Sabrosa (Trás-os-Montes) em 1956. Foi jornalista durante quase vinte anos: repórter, chefe de redação e diretor. É mestre em Ciências da Comunicação, leciona no ensino superior e é investigador de literatura oral tradicional. Tem uma extensa obra publicada sobre o património e tradição oral portuguesa, bem como no domínio da literatura infanto-juvenil. A sua obra faz parte do PNL (Plano Nacional de Leitura) e algumas delas constituem bibliografia obrigatória em cursos de licenciatura e mestrado em escolas superiores e universidades.



Bibliografia (entre outros)
  • A Lenda da Princesa Marroquina
  • Chovia Ouro no Bosque
  • A Princesinha dos Bordados de Ouro
  • O Último Gaiteiro
  • As Três Touquinhas Brancas
  • Histórias de Natal Contadas em Verso
  • Branca Flor, o Príncipe e o Demónio
  • Diabos, diabritos e outros mafarricos
  • O Conselheiro do Rei
  • Histórias de arte e manhas
  • Contos de animais com manhas de gente
  • Histórias a rimar para ler e brincar
  • Memórias de um cavalinho de pau
  • O rei na barriga
  • Pastor de rimas
  • Lobos, raposas, leões e outros figurões







São histórias com muita graça sobre bruxas e feiticeiras. Velhos contos e lendas que vieram da tradição oral para este livrinho encantador, onde o escritor as reconta para  as crianças de hoje.
Editado pela Texto Editora em 2003.
As ilustrações são de Fátima Buco








Um grande XI-    

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Fato do Pai Natal




O Pai Natal sentou-se no sofá da sua acolhedora sala. Estava cansado. A noite de Natal aproximava-se e ele andara toda aquela semana a verificar se na fábrica tudo corria bem. Não queria que faltasse nenhum presente para as crianças. Os seus assistentes duendes tinham trabalhado noite e dia para que os presentes estivessem acabados no dia vinte e quatro de Dezembro.
            O seu assistente – secretário, o duende Bikudo, entrou na sala e disse:
- Pai Natal, deveria vestir o seu fato. Tenho receio que precise de uns remendos.
- O quê!? Remendos!? Um fato com tão poucos anos!
- Acho só que está um pouco mais…velho.
- Sim, deve estar um pouco mais velho mas ainda irá durar uns anitos, talvez até à minha reforma. Mas vai, vai buscar o fato porque pode precisar de uma escovadela. E traz também as botas.
            BiKudo saiu. O Pai Natal ficou a pensar no assunto. Realmente, já tinha aquele fato há uns anos. Está claro que se estraga por causa das chaminés. Pensando bem, talvez esteja na altura de começar a entrar pelas janelas.
- Mas não – pensou ele – O fato ainda está muito bom.

            Bikudo voltou com um carrinho de mão onde trazia o fato do Pai Natal, as botas e o grande saco vermelho dos presentes. Colocou tudo em cima do sofá para que o Pai Natal pudesse apreciar melhor.
            Quando o Pai Natal olhou para o que estava ali ao seu lado abriu os olhos de espanto.

O casaco perdera a cor
Por ter sido tão lavado
Não era vermelho vivo
Mas vermelho desmaiado

As calças estavam tão gastas
Tão cheias de remendinhos
Que nada havia a fazer
Para durar mais uns aninhos

Do gorro já nem se fala.
Tão velho que até doía
Por muito que lhe custasse
Só o lixo merecia


E deu por si a pensar
Olhando triste para o saco
Se o usasse, perderia
As prendas pelo buraco

As botas talvez durassem,
Com certeza, mais um ano
Se as solas estivessem boas
E não lhes faltasse um cano.

            O Pai Natal coçou as barbas, pensativo. Verdade, verdadinha, aquele fato já não estava capaz de ser usado. Mas nem pensar em comprar outro.
- Bikudo, dá uma escovadela no fato e põe um pouco de graxa nas botas. Ficarão como novos.
- Mas Pai Natal isso não está certo. É uma vergonha! É uma pessoa tão conhecida e admirada por todos e vai usar um fato e umas botas miseráveis?
- Para o ano que vem será outra coisa. Despacha-te, porque faltam apenas dois dias para o Natal e eu não quero atrasar-me. Temos de preparar tudo para que, nessa noite, todas as crianças tenham os presentes que pediram nas suas cartas.
- Pois bem, Pai Natal! É esta a minha resolução: Não escovarei o fato nem engraxarei as botas!
- Ho! Ho! Ho! O quê? Estás tu a dizer?
            Bikudo, com os braços cruzados sobre o peito, de expressão decidida, continuou:
- Recuso-me a escovar e a engraxar aquele fato e aquelas botas.
- Está bem. Vou pedir a um duende da fábrica que me preste esse serviço. Chama-os para eu falar com eles. Ho! Ho! Ho!
             Bikudo foi à janela e chamou todos os duendes pelos seus complicados nomes:
- Zirikasto! Alkavar! Ketrevusk! Pataslek! Glugakir! Gatelek! Bujakar! Stufikur! Sikermate! Venham cá todos! O Pai Natal quer falar convosco.
            Passado pouco tempo todos os duendes entravam na sala. Tinham estado a embrulhar os presentes para depois os colocarem no trenó.
- Sentem-se – Pediu o Pai Natal – devem estar cansados.
             Alguns sentaram-se no chão frente ao Pai Natal e outros empoleiraram-se nas costas do sofá. Bikudo ficou de pé, ansioso pela resposta que os duendes dariam ao Pai Natal.
- Ora bem, meus queridos ajudantes! Qual de vocês poderá fazer -me o favor de engraxar as botas e escovar o fato?
            Os duendes olharam uns para os outros, sorrindo de malícia. E responderam em coro.

Escovar aquele fato?
E as botas engraxar?
Por muito bem que se escovem
Melhores, não vão ficar.

Estão velhos e sem graça
Devia dar-lhes sumiço
É escusado pedir
Não queremos fazer isso.

E se insiste em levar
Esse fato que odiamos
Não embrulhamos os presentes
Nem o trenó, carregamos!

            O Pai Natal ficou apreensivo. Estava ali um grande problema… Paciência! Teria de usar o fato e as botas tal e qual como estavam. Para o ano logo se veria. O pior é que faltava ainda acabar os embrulhos e carregar o trenó. Compreendia que os duendes estavam muito cansados de tanto trabalharem na fábrica e, por isso, ele mesmo iria ultimar os preparativos.
- Está bem. Fiquem a descansar aqui na sala que eu vou para a fábrica terminar o trabalho. Têm a melhor das intenções mas também sei que estão a precisar de uma noite de descanso. Até logo! Ho! Ho! Ho!
            Levantou-se. Dirigia-se para a saída quando à janela apareceu a rena Rodolfo, a rena do nariz vermelho. Meteu a cabeça entre as portadas de madeira e disse:
- Estou aqui em nome de todas as outras oito renas. Elas mandam dizer o seguinte:

Se for usar esse fato
E as botas cheias de pó
Pode crer no que lhe digo:
Não puxaremos o trenó.

As crianças irão chorar
O Pai Natal chorará também
E ficarão os presentes
Fechados no armazém.

- Agora é que a coisa está feia! – Pensou o Pai Natal - Se as renas não puxarem o trenó e voarem pelos telhados, como é que eu poderei chegar às chaminés?
- Oh, minha renazinha Rodolfo! Por favor, pede às tuas amigas que não façam isso! Eu tenho de entregar os presentes.
- Entrega-as, mas com um fato e umas botas novas… - respondeu Rodolfo.
- Mas apenas faltam dois dias. Onde arranjarei uma costureira e um sapateiro nesta altura do ano? E teria ainda de comprar tecido e cabedal!
- Lembras-te do ano em que uns meninos de uma escola pediram fatos iguais ao teu para fazerem uma peça de teatro? Nós fizemos os fatos e as botas mas sobrou muito material que está no armazém. – Explicou o duende Zirikasto.
            A rena Rodolfo, que continuava à janela, acrescentou:
- Os duendes serão os costureiros e os sapateiros. Terás uma fatiota nova rapidamente.
- Mas vocês estão fartos de trabalhar…
- Mais um dia ou dois não é nada para nós… - disse o duende Gatelek.
            O Pai Natal já não sabia o que havia de argumentar. Os malandros dos duendes e da rena tinham resposta para tudo.
- Está bem! – Disse o Pai Natal com um encolher de ombros – Façam o que quiserem mas, por favor dia vinte e quatro de Dezembro, ou seja, depois de amanhã, tem de estar tudo pronto para eu poder entregar os presentes.
- Estará prontíssimo! - Exclamaram os duendes em coro.
- Vamos começar por tirar as medidas. – Disse o duende Bujakar tirando a fita métrica do cesto da costura. 

            Glugakir e Pataslek foram buscar um banco que estava atrás da porta da sala e colocaram-no perto do Pai Natal. Bujakar subiu para o banco segurando a fita métrica.
            Juntou a ponta da fita ao ombro do Pai Natal e deixou-a cair sobre o peito.
- Vejam quanto mede a altura do peito. – Pediu Bujakar para os duendes que estavam no chão.
            E continuaram, medindo a altura do braço e a largura das costas. Depois Bujakar desceu do banco para medir a cintura e a altura das calças.
            Sikermate apontava todas as medidas no seu caderno de notas.

- Já está. – Afirmou Bujakar – Agora, vamos para a fábrica tratar da execução do resto…
- Até amanhã Pai Natal! – Despediram-se os duendes.
- Até amanhã Pai Natal – Despediu-se a rena Rodolfo.
            O Pai Natal sentou-se no sofá muito preocupado. Se os duendes não conseguissem acabar o fato a tempo ficaria muito triste. Pela primeira vez, as crianças não teriam Natal com presentes.
- Não se preocupe Pai Natal – disse o assistente-secretário Bikudo – os duendes trabalham bem e depressa. Dia vinte e quatro terá o seu fato novo.

            BiKudo tinha razão. Na tarde do dia vinte e quatro os duendes apareceram, radiantes, à porta da sala. Tinham conseguido fazer todo o trabalho, incluindo o carregamento do trenó.
            O Pai Natal sorriu de contentamento ao apreciar o trabalho dos duendes: o vermelho do fato, do gorro e do saco era lindíssimo; as orlas, feitas de lã, pareciam orlas de neve; as botas, de cabedal preto, brilhavam intensamente. E não faltava o cinto com uma grande fivela doirada e até umas luvas brancas a condizer com as orlas!
- Pai Natal é melhor vestir-se. - Lembrou Bikudo – Está a escurecer. 
            O Pai Natal assim fez. O fato ficava-lhe muito bem.

- Está maravilhoso! – Exclamou, admirando-se ao espelho - Vocês são, realmente, uns bons ajudantes! Que seria de mim se não os tivesse comigo.
             Uma lagrimazinha desceu pela face do Pai Natal! Os duendes, ao verem aquilo, também se emocionaram.
- Bem…Bem… - sussurrou o assistente-secretário, o duende BiKudo – não devemos atrasar o Pai Natal. Está na hora de ele partir.
            As renas já estavam atreladas ao trenó prontas para seguir viagem. O Pai Natal subiu para o assento e, agarrando nas rédeas, gritou feliz:
- Força! Voemos em direcção às chaminés de todas as crianças.
            Os duendes ficaram a ver o Pai Natal seguir em direcção à noite escura. A luz da lua recortava a sua sombra e a sua voz ecoou na escuridão:
- Crianças, o Pai Natal vai chegar! Ho! Ho! Ho! Ho! 

                                                                                        Eugénia Edviges

 Um alegre Natal para todas as crianças que visitam o meu blogue. AH! E não podia esquecer: 

Um grande XI-    

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Seu Único Barquinho - Fernando Cardoso

Este poema está incluído no livro "Novas Flores Para Crianças" ( 5ª Edição). O texto é de Fernando Cardoso e a ilustração é de Maria João Lopes

O barquinho de cortiça
já está pronto e está bonito
foi o menino que fez.
vai deitá-lo à beira mar
p`ra que uma onda o leve
na dúbia primeira vez.

pôs-lhe um nome, uma bandeira,
beijou-o à despedida
e acenou-lhe com a mão.
Viu-o partir tão contente
até perdê-lo de vista
no mar da sua ilusão.

Mas não voltou o barquinho
e o menino ficou triste
a chorar junto do mar.
Porém, logo outro menino
perguntou-lhe intrigado
porque estava ele a chorar.

E quando soube o motivo
entre soluços lhe disse:
- "Não chores, nessa preguiça,
não há razão para isso.
Faz antes outro barquinho
que eu dou-te a minha cortiça."

"Eu  é que tenho razão
para chorar toda a vida,
pois foi neste mar também
que eu perdi o meu barquinho,
o meu único barquinho,
a que eu chamava Mãe..."


Um grande XI-