Na Rua do Pinheiro

domingo, 15 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL!

Desejo a todas as crianças 
um Natal cheio de esperanças.
Muitos livros com magia
Muito amor e alegria.
E se também puder ser,
(Não poderei esquecer),
Posto com muito carinho
uma prenda no sapatinho!


Já escreveram ao Pai Natal? Os livros que publiquei no blogue sobre o Natal são uma boa opção de leitura.

Bom Natal para todos com muitos livros, boas leituras, porque as histórias despertam os nossos sonhos! 





Um grande xi- coração natalício!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

As Lendas de S. Baco

            
Outra lenda da minha terra com uma versão da minha autoria.  Para isso consultei dois livros editados pela Câmara Municipal de Benavente. São eles: "Aspectos da Religiosidade Popular do Concelho de Benavente" de Mário Justino Silva e Maria Filomena Santos Henriques e "O Convento de Jenicó" de Alfredo Betâmio de Almeida.



As Lendas de S. Baco, o Mártir

            Mandado construir em 1542 por D. Luís, o convento erguia-se entre Benavente e Salvaterra de Magos rodeado por campos de searas. Construção austera, feita de materiais grosseiros. O acesso era feito por caminhos de terra batida. Tinha uma capela, um refeitório e um dormitório, este situado no primeiro andar. Nesse convento ficou instalada a Ordem dos Frades Capuchos da Arrábida, que ali viviam em penitência, austeridade e sem conforto, sobrevivendo apenas com caldo e pão. A sua indumentária era composta por capucho de burel. Andavam descalços e de cruz ao peito.
            O santo idolatrado pelos frades capuchos era S. Baco, o Mártir, cuja imagem estava exposta na capela do convento. Ali acorriam os camponeses a quem as árvores de fruto adoeciam com o pulgão. Acreditavam, com devoção, que o santo podia livrar as árvores daquela praga. Eram muitos os que procuravam as curas para os seus males junto de S. Baco, embora a sua imagem, com cerca de um metro de altura, seja desproporcionada, tendo apenas alguma beleza no rosto e nas barbas. Era também considerado o advogado contra as sezões. Por isso mesmo, as costas do santo estão gastas, devido às raspagens provocadas pelas pessoas. O pó assim obtido, “pó de santo”, era misturado com água que, pensavam, curava as malditas febres.
            Certo dia um camponês, como forma de agradecer a S. Baco o ter arranjado emprego na apanha da uva, levou um grande cacho de uvas que depositou aos pés da imagem. O cacho ali ficou durante vários dias mantendo-se sempre fresco.
            Entretanto, o camponês foi despedido sem o esperar. Revoltado, voltou à capela e, agarrando no cacho de uvas, comeu-o sofregamente, enquanto dizia muito zangado:
- Fui parvo em acreditar em ti, S. Baco. Nunca mais te farei ofertas. És um santo muito feio.
            Saiu a cambalear. Conseguiu chegar a casa com muito esforço, vindo a falecer pouco tempo depois.
            A notícia correu célere, galgando montes e povoados. A partir dessa altura ninguém arriscava rir-se da fealdade do santo com receio de lhe acontecer algum azar.
            Passaram os anos. O convento fora deixado pelos frades em 1834 e apenas o povo, devoto, continuava em peregrinação à capela de S. Baco.
            Aquele dia, que amanhecera cinzento, prometia tempestade. Os cães uivaram toda a manhã e as nuvens enroladas em poeira, tenebrosas, pareciam sufocar as casas e os campos. O vento soprou em redemoinho. E o pior aconteceu: a terra tremeu como se dentro de si estivesse um monstro a rugir com fúria.    
            O povo olhava com pavor o convento destruído pelo abalo. Mas a imagem lá estava, no seu nicho da capela, rodeada pelos escombros. Com o peito em fogo ajoelhou-se e rezou perante a imagem imaculada.
- Milagre! – Gritavam, ao verem a imagem, intacta, no seu lugar.- Como é possível?
- O melhor é levá-lo daqui para outro lugar. – Opinou alguém entre a multidão.
- Para a Igreja Matriz… - respondeu uma voz num sussurro.
            Todos acharam bem. Antes que houvesse alguma réplica do abalo era urgente levar a imagem para lugar seguro.
            Depressa arranjaram uma junta de bois que seria guiada pelo campino mais experiente da lezíria.
            No dia seguinte, ainda mal o sol despontara já o campino estava junto da imagem com a junta de bois encangada ao cabeçalho da carroça de madeira. Exibia a vara de ferrão que o ajudaria a encaminhar a junta em direcção à igreja matriz da vila.
            Chegaram os moços mais fortes e morenos da vila para ajudarem a carregar a imagem de S. Baco para cima da carroça.
            Algumas mulheres, de Salvaterra de Magos e de Benavente, juntaram-se em grupo na encruzilhada do caminho de terra batida. De lenços na cabeça e de dedos cruzados sobre o peito rezavam uma oração em surdina enquanto os trabalhos decorriam.
            Não demorou muito. S. Baco, no meio da carroça, de braço direito um pouco soerguido, parecia guiar a junta de bois.
- Vamos embora! – Gritou o campino para os animais, picando-os com a vara.
            Os animais iniciaram a marcha. Tudo correu bem até à encruzilhada que serve as duas localidades. Estacaram e não parecia que quisessem recomeçar o andamento.
- Vá! Embora!  – Gritava o campino tentando conduzir a junta através do caminho.
            Mas nada. Apesar das investidas com a vara, o campino não conseguia que os bois se movessem do lugar onde estavam. As tentativas eram inúteis.
            Todos empurravam a carroça enquanto o campino, de rosto suado, puxava os bois pela frente.
            Pouco a pouco os ânimos foram esmorecendo. Que fazer? O que é que tinham os animais?
- É obra de S. Baco. – Murmurou uma velhota vestida de preto e de xaile pela cabeça.
- Quererá ir para Salvaterra? – Perguntou a sorrir um dos ajudantes.
            Todos se entreolharam. Talvez. Porque não?
                       Ilustração na página 56 do livro "O Convento de Jenicó". Desenho de João da Silva
            
             O campino puxou os bois para o lado de Salvaterra. Com a vara encaminhava-os enquanto gritava:
- Volta boi!  Ei!
            Perante a admiração de todos, os bois recomeçaram a marcha em direcção a Salvaterra de Magos. Mas eis que, andados escassos metros, as rodas da carroça ficaram atoladas no barro do caminho! Desanimados, os ajudantes e o grupo de curiosos, sentaram-se à borda do campo cultivado, sobre as ervas altas e os tufos de malmequeres da cor do sol.
            Não sabiam que dizer nem que opinar. O poder de S. Baco era enorme e nada mais iriam conseguir.
- Aproxima-se alguém…- disse o campino segurando ao alto a vara de ferrão. Colocara o barrete sobre os ombros para limpar o suor da testa pelo esforço despendido.
            Olharam. Aproximava-se devagar, apoiado a um bordão, um velhote de barbas espessas e grisalhas. Ninguém o conhecia. Parou frente à junta de bois e pousando as mãos sobre a cabeça dos animais, murmurou num fio de voz:
- Voltem para trás para o nicho da capela, que o carro andará imediatamente…
            O campino assim fez impelindo os animais a retrocederem.
- Ei! Volta boi! Embora!
            Como por milagre os bois voltaram com a maior das facilidades e o regresso ao convento fez-se rapidamente e sem esforço algum.
            No fim, contentes do dever cumprido, todos procuraram com o olhar o velhote das barbas para agradecerem. Mas desaparecera sem que ninguém reparasse no caminho que seguira.
            De novo se ouviu a voz da velhota vestida de preto e de xaile pela cabeça:
- Era o S. Baco…! Era o S. Baco!
            Persignaram-se batendo forte no peito e na testa.
            As lendas de S. Baco mantiveram-se até aos nossos dias, passando de boca em boca, de geração em geração. Talvez um pouco adulteradas pela imaginação do nosso povo. E pela criação de um escritor.

Agora o dicionário:

sezões - febres altas provocadas pela picada do mosquito (paludismo)
encangada - quando a junta de bois está presa na canga (peça que se coloca sobre a carroça)
persignar - fazer o sinal da cruz na testa, nos lábios e no peito


Eugénia Edviges /Setembro 2013

Uma grande xi-coração

   


            

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A Gaita Milagrosa - História Tradicional

Aqui fica mais uma versão minha de uma história tradicional. Espero que gostem

A Gaita Milagrosa


            Numa aldeia perdida no meio das serranias vivia um homem que tinha uma gaita. Mas não era uma gaita qualquer. Acontece que, quando o homem levava a gaita à boca e fazia soar os acordes de uma música, as pessoas começavam a dançar no meio da rua. Era uma alegria sempre que o tocador soltava sons da sua gaita. Todos dançavam e andavam felizes.
            Certo dia, o tocador estava sentado à porta de sua casa. Na rua, passava um sujeito com um burro carregado de loiça que andava a vender. O tocador começou a tocar e logo o dono do burro e o próprio animal começaram a bailar. O vendedor dançou, dançou e o animal também cabriolava com as patas traseiras. O pior é que, com os saltos do burro, toda a loiça caiu no chão e partiu-se em mil bocados.
- Pára! Pára! – Gritava o velho não parando de dançar!
            Mas o tocador estava tão distraído a tocar a sua música que nem dava pelo que se estava a passar.

                                             ( ilustração de Maria Keil)

- Pára! Pára! – Tornou o velho a gritar, enquanto dançava acompanhado pelo burro.
            Foi então que o tocador reparou no que estava a acontecer e parou de tocar.
- O que tu fizeste! Malvado! Terás de me pagar toda a loiça partida!
- Mas eu…só toquei…! Como posso ser culpado de vossa excelência dançar mais o seu burro…? Além disso não tenho dinheiro para pagar.
- Ah, sim!? Não pagas? Vais ver o que te acontece.

            E agarrando o burro pelas rédeas desandou dali indo direitinho ao juiz fazer queixa do tocador. Este foi chamado à sua presença.
            Quando o tocador chegou levando a gaita dentro do bolso das calças, o juiz disse-lhe:
- És acusado de ter partido toda a loiça deste homem.
- Eu, senhor doutor juiz!? Eu não sou culpado. Toquei a minha gaita e este senhor e o burro puseram-se a dançar… Não fui eu.
- Se não tocasses essa maldita gaita eu não dançaria nem o meu burro. A gaita é milagrosa, senhor doutor juiz – respondeu o vendedor exasperado.
- Como é que uma gaita pode ser milagrosa? – Perguntou o juiz, sorrindo.
- É verdade senhor doutor… - acrescentou o velho – Pode crer naquilo que lhe digo. Este homem tem uma gaita milagrosa… Foi por causa da sua gaita que toda a minha loiça caiu no chão e se partiu em bocadinhos.
            O juiz pensou que o vendedor não estava bom da cabeça. Mas enfim! Tinha de encontrar uma prova para resolver a questão.
- Pois bem! – Disse o juiz, voltando-se para o tocador – Toca um pouco para eu ouvir.
            O gaiteiro tirou a gaita do bolso e levando-a aos lábios começou a tocar. Logo o velho, que estava encostado a uma parece começou a dançar, rodopiando sobre si. O juiz que se preparava para fumar um cigarro, levantou-se da secretária e bailou muito animado.
            A mãe do juiz que há muitos anos estava entrevada numa cama, num quarto que dava para o escritório, apareceu de braços ao alto e a bailar de contente. Estava tão feliz que até cantava:

Vá de folia,
Vá de folia
Que há sete anos
Não me mexia.

            O escritório do juiz tornou-se num animado salão de baile.
            Passados alguns minutos, o juiz estava tão cansado, que pediu ao tocador para parar. O homem obedeceu. Tanto o vendedor como o juiz e a mãe estavam cansados e suavam com abundância.
- Podes ir-te embora. – Disse o juiz para o tocador, limpando o suor da testa. – Não te posso culpar pois curaste a minha mãe que há muitos anos não se podia mexer. Estás absolvido!
            O tocador saiu do escritório do juiz muito satisfeito e era tão grande a sua alegria que foi para a praça da aldeia tocar. Toda a gente saiu das suas casas e bailou até de madrugada.
            O velho vendedor é que não ficou muito satisfeito, mas resignou-se. Foi dali comprar mais loiça para vender prometendo a si próprio nunca mais passar perto daquela aldeia.


Eugénia Edviges

Um grande xi-coração


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Férias 2013/ Alvor

Olá pequenada! Voltei de férias! E como vem sendo habitual vou contar-lhes como foram estas férias de 2013. que passei na linda vila de Alvor, no Algarve, pertinho, pertinho de Portimão. Vocês já sabem que para mim as férias são compostas de diversão, cultura  e descanso. Ora bem! Vamos Começar!

Comecei por visitar a Igreja de S. Pedro em Alvor.É uma capela conhecida como Morabito de S. Pedro. É uma construção quadrangular do período islâmico e que foi reconvertido ao culto católico. É imóvel de interesse público.

Visitei as ruínas do Castelo, ruínas, mas mesmo ruínas. 


Aproveitei  o facto da Companhia de Teatro do Zé Raposo estar em Portimão e fui ver a peça. Gostei!




Visitei a casa onde nasceu Manuel Teixeira Gomes. A foto da placa diz-vos quem foi ele. Também vi a casa onde morreu D. João II, mas, não tinha levado a máquina fotográfica e, por isso, não tirei foto.




Em Portimão visitei o Museu. Enquanto não abriram as portas fui ver a marina ( o barco branco é o meu)


e almocei num restaurante pertinho do Museu, por sinal baratinho, o que é raro encontrar-se no Algarve.

O Museu é muito bom. Está localizado na antiga fábrica de conservas de peixe Feu Hermanos. A exposição permanente intitula-se "Território e Identidade". Tive a sorte de, na altura, ter uma exposição de arte sacra muito valiosa a que deram o título "Creio". Muito boa! Ah, é verdade, se puderem lá ir a entrada é grátis aos sábados entre as 15 e as 19 horas!. Uma boa dica não é?




Outro ponto alto: a visita aos monumentos megalíticos de Alcalar, a 1 km de Alvor. Neste sítio existia uma aldeia pré-histórica (3.000 anos antes de Cristo!!!). Resta um conjunto de sepulturas e um forno de cal. A sepultura maior é a mamoa que fica ao centro (mamoa é um montículo que cobre a câmara e revestida por pedras) e pode-se aceder à cripta por um estreito corredor (eu não consegui entrar). Vale a pena esta viagem à pré-história. Está tudo muito explicadinho no Museu de Portimão.





Fui assistir ao concerto do José Cid  na Fatacil, Feira de Artesanato.

Ah,  mas também fui à praia! Só vos digo que vale a pena ficar na praia até à tardinha, porque só assim é que se tem esta panorâmica do sol

e da lua ao mesmo tempo. Vai o sol, vem a lua.

Agora, já vocês estão a comentar: "pois, com isto tudo não leste!" Enganam-se porque li muito bons livros. Foram eles:






E li um livro para a vossa idade. Sim, que eu também leio livros infanto-juvenis.

Pronto! Foram estas as minhas férias. Gostei de partilhar convosco. Boas férias para todos. Não se esqueçam de levar na bagagem...livros. Ok?

Um grande xi-coração!


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Cheiro da Linguiça e outra (histórias tradicionais)

Nem que viva imensos anos nunca me irei esquecer das histórias que a minha avó me contava quando era pequenina. Uma histórias eram verdadeiras, outras nem por isso e outras ainda eram acrescentadas pela sabedoria inteligente dela. Há, pelo menos duas, que me contou, que já contei aos meus filhos e, creio que sim, terei oportunidade de contar aos meus netos. Espero que gostem.

Foi Tudo Pela Porta Fora, Meu Patrão


     Era uma vez um casal que cultivava uvas, mas uma das vinhas que possuía ficava  um pouco distante da casa onde morava. Essa vinha estava a precisar de ser cavada mas os seus afazeres eram tantos que não lhes restava tempo algum para aquela vinha. 
- Ai, homem por muito que nos custe temos de arranjar alguém que nos cave aquela vinha. - Dizia a mulher, de barriga proeminente e de mãos na cintura.
- Ó mulher estás maluca! Sabes lá quanto é pagar uma jorna*? Isso é muito dinheiro! 
     Eram muito sovinas*. Apesar de viverem bem, raramente davam esmola a algum pobre que lhes batesse à porta.
     Os dias passavam e a vinha continuava cada vez mais a necessitar de ser cavada. Até que o homem disse um dia à mulher, quando estavam a almoçar:
- Bem, lá terá que ser! Amanhã vou contratar alguém para me cavar a vinha.
     Pensaram então em contratar um negro que pela aldeia aparecera, vindo sem ninguém saber de onde.
(Não sei porque é que a minha avó meteu um negro mas conto tal como ela me contava)
- Com certeza que para paga  só  vai querer o almoço e se assim for fica-nos muito mais barato.
     A mulher sorriu ante a perspectiva de a vinha ser cavada sem gastarem um tostão.
     E assim foi. No primeiro dia o negro apresentou-se em casa dos patrões para levantar o farnel*. A mulher entregou-lhe o saco que continha o almoço para esse dia.
     O pobre coitado chegou à vinha e começou a cavar. 
- Quando chegar à cepa* torta descansarei para almoçar. - pensou ele olhando para o trabalho que tinha à sua frente.
     Cavou toda a manhã. Quando chegou à cepa torta, largou a enxada*, sentou-se e preparou-se para retirar o almoço do saco. Mas o que viu deixou-o sem voz. A mulher apenas lhe tinha mandado para comer um naco de pão muito bolorento e uma sardinha crua, cheia de sal. Recostou-se numa cepa, meteu o boné sobre os olhos e disse:
- Pão bolorento? Sardinha salgada? Deita-te preto e trabalha enxada!
     E dormiu toda a tarde.
     Quando ao fim do dia chegou a casa dos patrões, o homem perguntou-lhe:
- Então rapaz, chegaste até aonde?
- Não passei da cepa torta, meu patrão.
     O patrão admirou-se. Não passou da cepa torta? Estranho!
    E todos os dias era o mesmo: o negro chegava de manhã à cepa torta e, antes de começar a cavar, abria o saco, olhava para o almoço e dizia:
- Pão bolorento? Sardinha salgada? Deita-te preto e trabalha enxada!
     Deitava-se e dormia. E, em resposta à pergunta do patrão de como correra o trabalho nesse dia,  era sempre a mesma resposta que dava:
- Não passei da cepa torta, meu patrão.
- Oh, homem isso deve ser algum dito que os negros têm quando andam a trabalhar. Deve querer dizer que se fartou de cavar...

     Mas o homem não estava lá muito convencido e numa certa manhã seguiu o criado até à vinha. Escondeu-se atrás de uma árvore e, pasmado, ouviu o que o negro disse ao olhar para dentro do saco:
- Pão bolorento? sardinha salgada? Deita-te preto e trabalha enxada!
     Ao ver o criado deitar-se para dormir, correu para casa e dirigindo-se à mulher disse enervadíssimo:
- Ó mulher, temos de dar outro almoço ao negro! Ele não tem cavado nada e dorme todo o dia porque só lhe mandamos para o almoço pão bolorento e sardinha salgada..
     No dia seguinte, o criado lá partiu como de costume em direcção à vinha. Sentia que o saco do almoço estava mais pesado. 
     Quando chegou à cepa torta abriu o saco e ficou espantado com o que viu. O farnel era composto por pão alvo*, muito macio, uma garrafa de água e outra de vinho tinto, carne estufada com cenouras e cebolinhas, duas qualidades de fruta e até um prato de arroz-doce.
     Ao ver aquelas iguarias sentiu uma vontade enorme de trabalhar. Pegou na enxada e só parou para almoçar quando chegou ao fim da vinha.
     Nessa tarde, quando chegou a casa dos patrões, o homem perguntou-lhe novamente, temendo a resposta do criado:
- Então rapaz, chegaste até aonde?
      Ante a sua admiração, o criado respondeu-lhe:
- Foi tudo pela porta fora, meu patrão!

Passo a explicar-vos o significado de algumas palavras que, para vocês, devem ser desconhecidas:
jorna - era o pagamento para pequenos trabalhos no campo;
sovina -pessoa que é muito avarenta, não gosta de gastar dinheiro mesmo quando é necessário;
farnel - saco com a alimentação que as pessoas levavam quando iam trabalhar para o campo;
cepa - é o tronco da videira, que nos dá as uvas gostosas;
enxada - utensílio de aço e ferro e cabo em madeira que serve para cavar a terra;
pão alvo - pão feito com farinha de trigo

Segue a outra história que jamais esquecerei


O Cheiro da Linguiça

     Era uma vez um pobrezinho, muito velho e que estava completamente cego. Possuía apenas um pau para o ajudar a andar.Todo o dia pedia de porta em porta para assim poder comer alguma coisa. Fazia-se acompanhar por um rapaz que era órfão,  com apenas dez anos de idade. O rapaz era a sua ajuda. Era ele que orientava o velho pelas ruas para não cair, desviava-o dos quintais onde havia cães e era ele que todas as noites arranjava um local para dormirem.
     O que as pessoas davam era muito pouco, nem chegava para matar a fome. 
    Acontece que o velho era malandro e quando tinham a sorte de receberem alguma coisa de comida era para ele  sempre a maior parte, dando ao rapazinho apenas os restos. Muitas vezes o rapaz adormecia com a barriga a dar horas*.
      Certo dia bateram à porta de um lavrador, que ao ver aquele velhote, completamente cego, acompanhado por um rapazinho tão novo, teve pena e disse:
- Rapaz, vem cá dentro que eu dou-vos qualquer coisa para comerem.
      O rapaz seguiu o lavrador até à cozinha enquanto o velhote ficou à espera.
   Ficou contentíssimo com a oferta do lavrador: metade de um pão grande com uma linguiça assada! O rapaz estava feliz. Finalmente comeria alguma coisa que lhe enchesse a barriga. O pior era o velho...Decerto que lhe daria só um bocadinho...e aquele manjar era suficiente para os dois. Encheu-se de coragem e chegando perto do velho disse:
- O lavrador deu-nos um bom naco de pão. Tome lá. 
    E passou o pão para as mãos do velho, ficando ele com a linguiça  Sentaram-se à sombra de uma árvore a comer . O rapaz deliciava-se com a linguiça assada  Tentava não fazer muito barulho a mastigar  Por seu lado o velho, comia o pão mas, desconfiado, cheirava-o enquanto comia.

- Este pão cheira-me a linguiça...
- Não. É impressão sua. O lavrador só nos deu pão. 
    Mas o velho, fora de si, deitou as mãos ao rapaz agarrando-o por um dos braços.
- Com que então o lavrador deu-nos só pão, hem?!  Bem me cheirava o pão a linguiça,  seu malvado!Pois agora quem te dá a linguiça sou eu.
   Agarrando no cajado começou a bater com toda a força no rapaz. Este gritava com dores mas o velho não parava.
- Pronto! Pronto! Não me bata mais! Eu dou-lhe a linguiça.
     O velho comeu o resto da linguiça. 
   Continuaram a caminhar. O rapaz choramingava ao lado do velho. Doía-lhe o ombro onde o velho apoiava a mão. Até que chegaram a um sítio onde havia muitos sobreiros. O rapaz pensou em vingar-se e, encaminhando o velho para a frente de um sobreiro, disse:
- Salte que é uma valeta*!
    O velho, obedecendo ao que o rapaz dizia, saltou indo bater com a cabeça no sobreiro. Caiu no chão, desamparado, com um grande galo* na testa.
- Ah, malvado se eu te apanho, vais ver...- gritou o velho.
    Com uma gargalhada, o rapaz respondeu:
- Então cheira-lhe o pão a linguiça e não lhe cheira o sobreiro a cortiça?
    O velho ficou quieto a pensar nas palavras do rapaz. Na verdade, se não fosse ele, como seria a sua vida? Andaria sempre a bater com a cabeça em todo o lado.
- Tens razão, rapaz. A partir de agora tudo quanto recebermos será dividido, igualmente, pelos dois.



Vamos às palavras e termos desconhecidos:
Barriga a dar horas - termo calão utilizado quando estamos com fome.
valeta - pequena vala aberta no chão para escoamento das águas, junto dos caminhos.
galo - inchaço na testa ou na cabeça provocado por uma pancada


Eugénia Edviges

Um grande xi-coração





quarta-feira, 31 de julho de 2013

DEFENSOR



               Aquele cão era novo na rua. Quem lhe daria autorização para entrar no seu território? Ele é o Defensor, e como o próprio nome indica defenderá até à morte o que é seu.
               Defensor olhou mais atentamente através do vidro da janela. A noite aproximava-se e as sombras, pouco a pouco, iam tornando-se maiores o que o obrigava a semicerrar os olhos para poder distinguir melhor.
               Decididamente havia um novo cão na sua rua. Tinha de o afastar. E ladrou com toda a força para o intruso que se encontrava à esquina sob a amoreira. Tanto ladrou que a dona, pensando que ele precisava de fazer o seu xixi, abriu-lhe a porta da rua, fazendo-lhe uma carícia na cabeça, que ele adorava.
               Pé ante pé encaminhou-se para a esquina. Queria apanhar o intruso de surpresa e assim, assustá-lo de vez. Fixou o olhar na amoreira mas o local estava agora deserto.
- Teve medo de mim e fugiu. – Pensou ele. - O meu poder não tem limites.
               Continuou a andar em direcção à esquina da rua. Caminhava com vaidade e contentamento.
               Chegou finalmente ao fim da rua. Olhou em redor e não viu nada nem ninguém.
- Recuperei o meu reino. Posso dormir descansado.
               Mas eis que surge de um quintal vizinho não um cão mas uma cadela lindíssima de pelo brilhante e olhos azuis, pestanudos! Defensor tentou ladrar porque, apesar de tudo, aquela beleza doirada não pertencia ao seu domínio. Mas o som do ladrar morreu-lhe na garganta e ele ficou imóvel olhando aquela aparição que se aproximava, elegantemente.
 
               Estavam agora frente a frente. Defensor sentiu o cheiro da intrometida e achou até que era um cheiro agradável. Por seu lado, ela olhava-o enternecida e de olhos a pestanejar. No alto da cabeça ostentava dois laçarotes da cor e da forma do coração.
               Defensor acabou por conseguir dirigir-lhe a palavra:
- Sabes…esta rua é minha. Sou o rei e senhor…
- Sim!? É uma bonita rua…- respondeu ela aproximando-se cada vez mais de Defensor- Eu acabei de chegar. Tenho uma nova dona.
               A sua voz era doce e calma. Defensor começou a sentir as pernas fraquejarem.
- Será que não podes incluir-me no teu domínio? – Continuou ela - …Se não puderes, paciência. Não sairei do quintal para não me veres…
               Defensor gaguejou:
- Pois…Sim…Não…Não! Nem pensar! Eu sou um bom anfitrião. Ficas autorizada a sair para a rua sempre que queiras…para passearmos!
- Oh, que bom! – Respondeu a beleza com um risinho maravilhoso – És um cão muito simpático. Desculpa, mas ainda não me apresentei. Sou a Lady. E tu, como te chamas?
               Aquele nome soou aos ouvidos de Defensor como uma música angelical. Parecia até que o som se repercutiu no seu peito.
- Eu sou o Defensor.
               Sorriram os dois um para o outro. Deitaram-se no chão, debaixo da amoreira, olhando a lua brilhante que os espreitava envolta na escuridão do céu.
- A lua está linda… - murmurou Lady.
               Defensor, de coração enamorado, respondeu docemente:
- Pois está…


Eugénia Edviges
                                                 
 Um grande xi-coração                                                                                         

sexta-feira, 12 de julho de 2013

LENDAS - Lenda das Bicas

O Que é uma Lenda?

"É um relato transmitido por tradição oral de factos ou acontecimentos a que o povo atribui um fundo de verdade  Geralmente têm algo que é real e algo que é imaginação popular. A lenda é, por isso, mais histórica e mais verdadeira do que o conto. Não é por acaso que a lenda raramente começa, tal como o conto, com a fórmula "era uma vez" - uma fórmula que nos remete, desde logo, para um passado e um lugar longínquos e indefinidos. Cada comunidade procura sempre conservar as suas lendas, pois o povo, através delas, conta também a sua história."

Alexandre Parafita em "Histórias de Arte e Manhas"

É uma compilação de contos, recolhidos pelo autor  em zonas de Trás-os-Montes, junto de pessoas que as guardaram na memória.
Alguns contos que fazem parte do livro:

- O Príncipe Triste
- Os Gémeos e o Olharapo
- A Lenda das Torradas de Alho e Azeite
- S. Pedro e o Ferrador


Passo a transcrever uma lenda de Benavente sobre a Fonte das Bicas ou Fonte da Bica da "Caza". Esta versão é da minha autoria. Espero que gostem.

Lenda  das Bicas ou da  Fonte da Bica da Caza
         
          Num castelo situado no alto de uma montanha vivia uma rainha moura. Ela era meiga, caridosa e muito, muito bonita. O rei nunca amara ninguém como amava a sua rainha e dela dizia sempre:
- É o meu raio de sol. É o ar que respiro.
          A rainha tinha tudo para ser feliz. No entanto vivia muito triste. Nunca se vira um sorriso nos seus lábios. Mantinha a testa sempre enrugada e os olhos tristonhos por onde caíam, muitas vezes, duas lagrimazitas teimosas. O rei vivia angustiado. Tudo fazia para a animar: depunha a seus pés as mais bonitas flores campestres; oferecia-lhe aves de lindas plumagens em gaiolas doiradas; dos pomares do castelo trazia-lhe cestos de fruta fresca e sumarenta; consultara os médicos mais importantes, os feiticeiros mais experientes em práticas curativas aprendendo com eles as mais variadas rezas e unguentos.
           A tristeza da rainha chegara a todo o lado e de longe vinham poetas recitar-lhe os mais lindos versos de louvor:                                                                                                                    
                                        
                                         Rainha, moura encantada
Não escondas o teu olhar
Que este sol que nos aquece
Também deixa de brilhar

Rainha, moura bondosa
Mostra o teu sorriso agora
                                                              Que por ver tanta tristeza
O meu olhar também chora.

Rainha, moura infeliz
Nos versos faço um apelo
Canta e ri enquanto bordas
Na varanda do teu castelo

          Tudo fora em vão. Dos seus lábios apenas se ouvia um “obrigada” amargurado. Na varanda do castelo soltava os suspiros mais profundos, apesar dos seus dedos esguios bordarem, em panos de seda, lindos motivos de todas as cores.
          A causa do seu desgosto era não ter filhos. Um filho dar-lhe – ia alegria e força para viver. Seria a continuação das suas vidas. Nada nem ninguém poderia substituir essa felicidade. A rainha entristecia cada vez mais por não ter um filho, um filho há tanto tempo esperado.
            Os anos passaram e a rainha alcançou a idade em que já não poderia conceber. A sua tristeza não tinha limites, as  suas lágrimas deixavam sulcos de mágoa pelo seu rosto, que continuava belo.
               Naquela tarde, o rei contemplava do alto da torre do castelo, o mar desconhecido e profundo que se estendia até à linha do horizonte. Mar impenetrável, temeroso, impossível de atravessar. O sol afogava-se nele e o céu ruborizava, colorindo-se de violeta e laranja, qual tela de pintor imaginário. O rei voltou-se então para norte e olhou extasiado para os campos ao redor. Ao longe, entre o verde das árvores, serpenteava um rio, qual cobra prateada a rastejar. A norte havia um mundo por descobrir. Foi então que o rei teve uma
ideia que lhe pareceu a solução ideal para alegrar a sua rainha.
- Iremos viajar! Conhecer outros lugares! As novas e bonitas paisagens que iremos visitar farão com que a rainha se sinta feliz e esqueça o seu mal de não conceber.
          Nessa noite expôs a ideia à rainha que o ouviu sem mostrar qualquer interesse. Para ela nada havia que a alegrasse, que lhe desse razões para viver. Mas, ao ver o entusiasmo do marido, aceitou o convite dizendo:
- Sim meu esposo. Por que não? Viajaremos os dois para além do horizonte.
          O rei depressa deu instruções sobre tudo o que era preciso preparar para a viagem. Foram aparelhados os cavalos mais robustos do castelo. Os criados escolhidos para acompanhantes dos reis não descansaram nessa semana, tratando de todos os pormenores para que nada faltasse durante a expedição.
          E chegou o dia ansiado pelo rei. Na manhã em que partiram as nuvens afastaram-se, deixando o sol inundar o dia com uma luz quente e doirada.
          Seguiram para norte em direcção à serra salpicada de casas branquinhas e por rios de margens frondosas, cujas águas procuram escoar entre penedos.
          Passaram alguns dias. Ficara para trás aquela maravilhosa serra coberta de urze e de estevas. À sua frente estendiam-se pequenos montes encimados por casas fustigadas pelo vento e adornadas com barras de um azul inquietante. Pelas encostas espalhava-se a
humildade dos chaparros. Ali, naquela terra de beleza irreal e misteriosa, o sol era abrasador.
          A viagem continuou um pouco mais apressadamente para fugirem àquele calor impiedoso.
          O rei e a comitiva extasiavam-se com toda a diversidade daquelas terras antes desconhecidas. Em cada recanto, em cada rio, em cada penhasco descobriam novos motivos de regozijo. Apenas a rainha continuava de semblante entristecido. Impávida, olhava em frente sem mostrar qualquer emoção pela paisagem que a rodeava.
           Estava aquele dia a findar quando a comitiva parou frente a um campo que se estendia às margens de um rio. Era um prado de erva viçosa que alimentava uns toiros possantes negros como o carvão.
- É a lezíria… murmurou um dos criados curvando-se submisso frente à rainha.
           Sob os sobreiros, que embelezavam aquele espaço tão belo, os corvos esgravatavam a terra. Por vezes voavam em círculo ao redor das árvores. A este, ao alcance do olhar, erguia-se um povoado. A claridade alaranjada do pôr-do-sol incidia sobre as fachadas brancas das casas. Um lugarejo que era a sentinela daquele campo a seus pés. A comitiva conseguia distinguir searas que ondulavam sob a subtil aragem da tarde.
          A rainha olhava atentamente. Pareceu ao rei que a sua mulher estava a dar alguma atenção àquele lugar, o que não acontecera em toda a viagem.
 - Meu rei – balbuciou ela – quero pernoitar naquela povoação. Parece ser o sítio ideal para descansarmos.
          O rei sorriu de felicidade. A rainha gostava daquele lugar. Talvez, quem sabe, ali voltasse a sorrir.
           Mandou dois dos criados à povoação em busca de alojamento.
           Enquanto esperavam pelo regresso dos criados, o rei e a rainha dirigiram-se para um local de árvores frondosas, que lhes daria uma agradável sombra para descansarem. À medida que se aproximavam ouviam cada vez mais com nitidez o cantar de água a correr. Era uma fonte alimentada por várias nascentes de água límpida e fresca. A rainha ajoelhou-se junto à nascente de água e, abrindo a mão em concha, bebeu sofregamente sentindo-se depois leve como uma pena e extasiada com a frescura da água e com aquele local paradisíaco.
          Retomaram o caminho após a chegada dos criados que os guiaram em direcção à hospedagem. Seguiam pelo caminho de terra batida que conduzia à localidade.
          No dia seguinte quando o rei ordenava aos criados os afazeres para a partida, a rainha chegou perto dele e disse:
 - Meu rei, não partimos. Este local é tão lindo. Vamos ficar mais um dia ou dois para visitarmos todas as imediações.
          O rei sorriu para ela e respondeu:
- Ficaremos, minha rainha o tempo que quiser. Só quero que se sinta bem.
          Todas as manhãs a rainha ia beber água à bica antes de iniciar os seus passeios. Algo a retinha naquele local. Não sabia explicar o que sentia nem a força que a fixava ali. O rei andava feliz por ver a mulher com o semblante mais sereno. Parecia até feliz.
          Passaram os dias e as semanas.
          Certa manhã a rainha saiu do quarto apressadamente dirigindo-se a passos largos para a cozinha onde se encontrava o rei a merendar. Levava no olhar o sol da manhã e nos gestos a graça de uma ave. Ao chegar perto do rei, que a olhava espantado, disse com um sorriso resplandecente nos lábios.
- Meu rei, estou de esperanças. Vou ser mãe!
          O rei olhou a sua amada como se não acreditasse no que ouvia. Enlaçou-a pela cintura e depositando-lhe um beijo na alva testa, exclamou:
- Qua a festa comece! Que soem trombetas! O nosso príncipe vai nascer. Minha adorada.
          Passaram-se os meses. A criança nasceu sem qualquer problema para júbilo dos pais que a olhavam embevecidos.
          Os reis adoptaram aquela terra como se fosse sua. Ali tinham alcançado a felicidade. Nunca mais partiriam.
               O boato soltou-se. A partir daquela altura as mulheres estéreis vão à bica todas as manhãs beber a água milagrosa para assim conceberem e serem mães.

Eugénia Edviges

A Fonte das Bicas ficava um pouco distante da povoação  mas toda a gente ia lá buscar água por que realmente era uma água muito boa para beber.

Espero que  esta postagem vos desperte a curiosidade para o conhecimento das lendas e do que elas representam para a história local.

Um grande xi-coração