Na Rua do Pinheiro

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Literatura dos Melhores Escritores de Mundo (Cont.) O Exército do Mar

Capítulo escrito e ilustrado pela turma da professora Fernanda - freguesia da Barrosa


Num certo dia estava Pérola à janela a admirar o fundo do mar que rodeava a sua gruta e a cumprimentar todos os peixinhos seus amigos e vizinhos que por lá passavam, quando ao longe viu aproximar-se o Monstro Bizarro.
Pérola reparou que ele vinha apressado e muito aflito. Alguma coisa de estranho se passava com o seu amigo Monstro…
- Vou chamar o Rubi que está a brincar no jardim do Coral Azul. E assim fez.
Quando o Monstro se aproximou deles, perguntaram ao mesmo tempo:
- Monstro Bizarro, que te aconteceu para vires tão preocupado?
O Monstro que estava tão exaltado, disse:
- Pérola, temos de agir rapidamente. Há dois dias que tenho assistido a uma coisa horrível: há mergulhadores que andam a roubar peixinhos pequenos, corais dos recifes e o meu querido tesouro que o pirata me pediu para guardar.
Rubi respondeu:
- Isso não pode acontecer. Temos de arranjar uma solução. Os peixes pequeninos têm que se tornar adultos para se reproduzirem, os corais são uma grande riqueza dos oceanos, são milhares de seres vivos que têm que ser preservados.
Pérola acrescentou, indignada:
- O teu tesouro não pode ser roubado, o barco pirata é a tua casa e o tesouro está à tua guarda. Vamos pôr mãos à obra e arranjar uma solução para o problema.
O Monstro Bizarro ficou mais aliviado uma vez que Pérola e Rubi iriam ajudá-lo.
- Vamos para a minha casa na gruta que é espaçosa e vamos pensar no que havemos de fazer.
Sentaram-se ao redor da mesa da cozinha a olharem uns para os outros, à espera de terem uma brilhante ideia.
-Descobri! Exclamou o Monstro Bizarro.
Pérola e Rubi olharam para ele admirados.
- Diz depressa! – responde Pérola entusiasmada.
O Monstro Bizarro explicou então:
- Vamos pedir ajuda aos nossos amigos do mar para atacarem os mergulhadores!
- A quem devemos pedir ajuda? Disseram em coro Pérola e Rubi.
O Monstro responde:
- Ao peixe balão porque consegue inchar o corpo e rebentar, mandando os seus picos com muita força; à alforreca que provoca alergias e queimaduras na pele; ao peixe-agulha porque pode picar o rabo aos mergulhadores; ao choco porque deita tinta que impedirá os mergulhadores de verem em seu redor e à enguia eléctrica que lhes dará uns belos choques que os deixam com os cabelos em pé.
- Boa ideia!- diz Rubi .
Vou emitir os meus gritos característicos para chamar o nosso exército!
E assim fez.
Passado algum tempo, todos aqueles animais apareceram à porta da gruta. Eram muitos.
Pérola diz:
- Vamos conseguir afastar os mergulhadores com a ajuda do nosso exército particular.
Em pouco tempo Pérola, Rubi e o Monstro explicaram o que se passava.
Era preciso agir.
- Monstro Bizarro diz-nos onde se encontram os tais mergulhadores que iremos atacar.
Seguiram o Monstro Bizarro ao sítio onde ele tinha visto os mergulhadores.
Quando lá chegaram organizaram-se:
-Já tenho o meu bico afiado! disse o peixe-agulha.
- Vou expelir a minha tinta, que eles vão ficar sem visão!- disse o Choco.
- Estou preparada para lhes dar choques eléctricos! - disse a Enguia Eléctrica
Pérola e Rubi esconderam-se atrás de umas rochas do mar a verem a luta que se iria travar.
Mal os mergulhadores chegaram, o peixe balão, a alforreca, o peixe-agulha, o choco e a enguia eléctrica actuaram rapidamente.
Quando se viram atacados de todos os lados, por aqueles animais soldados marinhos, que vieram em defesa das riquezas do mar, logo pensaram em fugir. Era melhor sobreviverem do que ficarem magoados ou feridos. Logo viram que não conseguiriam roubar tudo o que queriam, pois os animais que zelavam pelo fundo do mar não lhes dariam hipótese.
Pérola, Rubi e o Monstro Bizarro ficaram contentes ao verem os mergulhadores fugirem e assim o espaço que era deles e de todos os que lá habitavam, voltou ao normal.
- Agora que já estamos descansados, vamos para minha casa que eu lhes irei servir um apetitoso lanche. – disse Pérola.
- Não, não! – disse o Monstro Bizarro. Por me terem ajudado eu levo-os para o meu barco pirata para comemorarmos a nossa vitória!
Ficaram radiantes.
Mais uma vez tudo acabou em bem!


Um grande xi-coração!

sábado, 20 de novembro de 2010

O Menino dos Olhos - Mar

Eram lindos os seus olhos. Todos diziam que eram os mais bonitos da aldeia. Porquê? Talvez por a aldeia ser muito pequena e ter poucos habitantes! Talvez por aquela gente sempre ter vivido entre montes e pinheiros! Talvez por ninguém na aldeia ter visto o mar! Sabiam apenas que o mar é azul, de um azul da cor do céu quando não tem nuvens! E ao menino, por ter nascido com os olhos claros, transparentes, bem depressa foi esquecido o seu verdadeiro nome. Assim, habituou-se aquela alcunha que a bem dizer o envaidecia. Era uma alcunha serena, musical e com muita, muita ternura: Menino dos Olhos-Mar...
E o Menino dos Olhos-Mar, de tanto ouvir falar do mar, desse mar que ele nunca vira, foi acalentando dentro de si o desejo de o ver. E com isso sonhava dia após dia, noite após noite. Sonhava nas marés do sono e sonhava quando, acordado imaginava esse mar imenso de um azul sem fim. Subiu aos montes mais altos, às mais altas árvores da floresta na esperança de vislumbrar ao longe esse azul profundo, da cor dos seus olhos. Queria alcançar o infinito que sentia dentro do olhar e lhe tocava o coração. Mas por mais que perscrutasse o horizonte só o verde o envolvia, o verde dos vales, dos campos, da serra e, no cimo, bem alto sobre a sua cabeça, o azul inacessível mas que todos podem admirar, do céu, do céu que nada tinha a ver com os seus olhos pois os seus olhos eram Olhos-Mar.
E o Menino dos Olhos-Mar entristeceu. E no rio que corria a seus pés o Menino dos Olhos-Mar lavou as suas gotas de mar, que choravam.
- Rio, tu que vais para o mar leva-me nas tuas águas...
- Impossível – respondeu o Rio- Vou para o mar e não volto. Vou juntar-me a ele. As minhas águas, que correm cadenciadas, juntar-se-ão às suas ondas revoltas... e nunca mais me verás…Adeus...
E o Menino dos Olhos-Mar chorou, chorou muito na certeza de nunca poder ver o mar.
E passaram dias e noites. E o Menino dos Olhos-Mar continuava a chorar.
Uma andorinha poisou. Bebeu uma lágrima caída dos olhos do Menino dos Olhos-Mar.
- Leva-me no teu dorso, andorinha. Leva-me a ver o mar.
- Impossível! O Verão está a findar e se não me for embora, morrerei. Nada me deterá, nem mesmo o teu desejo de ver o mar. Adeus Menino dos Olhos-Mar!
E vieram as tempestades. A neve caiu como bolas de algodão a esvoaçar. O frio penetrou no coração do Menino dos Olhos-Mar, que continuava a chorar junto ao rio parado, cujas águas gelaram.
- Leva-me Rio, leva-me ao meu mar...
- Não posso. O mar é longe e eu espero o degelo...
O Menino pensou na canção que ouvia às camponesas nas tardes de calor:

É tão imensa a saudade,
Tão profundo o sentimento
Que para ver o meu amor
Irei nas asas do vento.

Sim. Se pudesse ir nas asas do vento! Derradeira esperança... Sim! Queria ir nas asas do vento!
- Ó Vento, leva-me a ver o mar... Leva-me a ver o mar...
- Sim, porque não! Eu posso o que tu quiseres. Anda, sobe para as minhas asas. Formarei um grande vendaval para facilitar a jornada.
Loucura! O Menino dos Olhos- Mar não acreditava no que ouvia! Finalmente!
E subiu nas asas do vento. Subiu, subiu como um balão! Saudou as nuvens cinzentas, sempre sós. Uma delas chorava de tristeza.
E o rio da aldeia tornou-se um fio prateado muito fino, igual ao que o Menino dos Olhos- Mar usava para fazer girar o pião. E as árvores eram rebentos.
E as casas, a igreja e a ponte velha eram brinquedos.
O vento galgava as montanhas que parecia curvarem-se ante o seu poder.
Muito tempo passou.
O sol surgiu por trás de qualquer coisa que o Menino dos Olhos-Mar nunca vira nem sequer imaginara. Extasiado, olhava aquela imensidão de azul, tela de pintor imaginário. Sim, de pintor imaginário ou de Deus desconhecido.
- É aquilo o mar? – Perguntou ao vento, que não o ouvia na ânsia de se juntar às ondas revoltas e com elas lutar.
- É aquilo o mar? – Repetiu o Menino, feliz.
E o vento galopou sobre as ondas. E inebriado o Menino dos Olhos-Mar sentiu o azul a rodear o seu corpo, o seu cabelo e os seus olhos da cor do mar. E o seu mundo era azul.
Na manhã seguinte, quando os pescadores arrastavam as redes para a praia distinguiram aquele vulto pequenino, estendido sobre a areia molhada. Tinha o corpo coberto de conchas de variados contrastes. Os lábios, entreabertos, sorriam de felicidade. Mantinha os olhos abertos, sem vida, e em deslumbramento.
Mas o que mais espantou aqueles homens rudes foi a cor dos seus olhos, de um azul inigualável!
- O Deus do Mar! Sussurrou um.
E ajoelharam, fitando os olhos do Menino dos Olhos-Mar...


                                                                                    Eugénia Edviges

Um grande xi-coração



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Biografia - Luisa Ducla Soares




Maria Luisa Bliebernicht Ducla Soares de Sottomayor Cardia nasceu em Lisboa a 20 de Julho de 1939 e licenciou-se em Filologia Germânica. Colaboradora de diversos jornais e revistas, estreou-se com um livro de poemas, " Contrato", em 1970. Foi adjunta do Gabinete do Ministro da Educação ( 1976-8 ).Orientando-se preferencialmente para a literatura destinada a crianças e jovens, publicou mais de 90 obras. É sócia fundadora do Instituto de Apoio à Criança. Tem escrito guiões para televisão .Vários poemas seus foram musicados, tendo sido editado em 1999 um CD com letras exclusivamente de sua autoria musicados por Susana Ralha. Intitula-se "25" por ser constituído por 25 canções e se integrar na comemoração dos 25 anos da Revolução de 25 de Abril. Desenvolve junto de escolas e bibliotecas acções de incentivo à leitura. Participa frequentemente em colóquios e encontros, apresentando conferências e comunicações sobre problemática relacionada com os jovens e a leitura e sobre literatura para os mais novos. Recusou, por motivos políticos, em 1973 o Grande prémio de Literatura Infantil que o Secretariado Nacional de Informação pretendeu atribuir-lhe pelo livro " História da Papoila " . Recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian para o melhor livro do biénio 1984-5 por " 6 Histórias de Encantar" e em 1996 recebeu o Grande Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra.. Em 2004 foi seleccionada como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen.

Bibliografia (entre muitos mais):

O Dr. Lauro e o Dinossauro
O Ratinho Marinheiro
O Meio Galo e Outras Histórias
Histórias de Bichos
O Menino e a Nuvem
O Dragão
De que São Feitos os Sonhos
6 Histórias de Encantar
A Vassoura Mágica
Lenga-Lengas
O Rapaz que Vivia na Televisão

Este livrinho contém três histórias:
História de uma "menina que nasceu verde, verde, verde.
- Seria de eu comer muito caldo verde? - perguntava a mãe.
- Seria de eu beber muito vinho verde? - perguntava o pai";
a história do homem que nunca tinha cortado as barbas."Quando queria varrer a casa não precisava de outra vassoura - usava as barbas. Quando a neta o vinha visitar, era certo e sabido, que pedia logo:
-Avôzinho, deixa-me saltar à corda com as suas barbas?";
a história do senhor que só tinha pouca sorte. "Comprou uma galinha, pois queria ovos frescos, para fazer omeletes. Mas a galinha só punha ovos de ouro. Que pouca sorte! Saíam-lhe sempre automóveis nas rifas. Já tinha 17 carros, sem ter carta de condução. Que pouca sorte! Mandou abrir um poço no quintal para regar a hortaliça. Mas do poço, em vez de água, saltou um repuxo de petróleo. Que pouca sorte!"
E muito mais. O livro tem umas ilustrações "giríssimas" de Pedro Leitão


Um grande xi-coração

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Literatura dos Melhores Escritores do Mundo (Cont.) Perigo na Montanha Vermelha

Capítulo escrito e ilustrado pela turma do professor Filipe

Naquele dia Pérola sentiu que algo estava para acontecer. O mar estava agitado, os peixes que, normalmente, passeavam pela gruta onde Pérola morava, parece que nesse dia andavam assustados. Das paredes da gruta caíam pedacinhos de pedra, situação que Pérola não compreendia.
Rubi também se sentia preocupado. Não compreendia o que estava a acontecer.
- O que estará a acontecer? - pergunta ela ao Rubi.
- Alguma coisa está mal. Decerto será na superfície, alguém a rebentar bombas!
- Rubi, não sabemos o que se passa, mas está na altura de irmos averiguar! Não estejas para aí a falar em bombas, que eu não tenho medo!
- Lá estás tu a tentar meter-nos em sarilhos! Pode ser perigoso o que está a acontecer!
Repentinamente, ouviu-se um barulho horrível! A gruta abanou com ímpeto que os fez dar um grito enorme!
Diz Pérola:
- Vamos ver o que se passa! O estrondo parece que vem da Montanha Vermelha. Vê como a montanha deita bolhas de vapor e pedras.
- Não. É perigoso! Não metas ideias loucas na cabeça!
Mas Pérola não desistiu e disse:
- Se não vens comigo eu irei sozinha.
E começa a nadar em direcção à Montanha Vermelha.
O Rubi, prevendo que Pérola ir-se-ía meter em apuros, acabou por segui-la.
À medida que iam nadando, encontravam alguns amigos pelo caminho. Primeiro encontraram o Doutor Tentáculo, que ao saber aonde iam, disse:
- Tenham cuidado! Podem ficar feridos e eu não tenho tratamento para lhes fazer.
Ao passarem frente ao navio pirata, surgiu no convés o Monstro Bizarro que também tentou demovê-los da ideia de irem à Montanha Vermelha.
À medida que se aproximavam maior era o estrondo. A terra tremia cada vez mais, as pedras eram cuspidas pela montanha. Algumas delas caiam sobre Pérola e Rubi. A terra abria grandes fendas. Uma pedra maior caiu sobre a cabeça de Pérola, que desmaiou, caindo num buraco fundo.
Rubi ficou aflito! Que fazer? Como acudir à sua amiguinha que estava desmaiada no fundo do buraco? Que estará a acontecer? O que é que se passa com o fundo do mar? Será que aqueles tremores de terra vão acabar? Será que a sua amiguinha irá morrer? Se soubesse que isto iria acontecer nunca a teria deixado vir, nem que a prendesse à porta da gruta!
Entretanto, o Doutor Tentáculo, como tinha ficado preocupado com Pérola e Rubi, dirigiu-se ao monstro Bizarro para juntos tentarem fazer com que eles voltassem para casa.
Diz o monstro Bizarro:
- Pois é Doutor Tentáculo, não sabemos o que tudo isto quer dizer! Porque será que o fundo do mar está a explodir?
O Doutor Tentáculo respondeu:
- Sabes, monstro Bizarro, conheço uma cientista que vive aqui perto. Talvez ela nos possa dizer o que está a acontecer.
Dirigiram-se a casa da Doutora Alforreca que estava no seu laboratório a fazer experiências marinhas. Ficou assustada quando o Monstro Bizarro e o Doutor Tentáculo lhe contaram o que estava a acontecer e a preocupação por não saberem de Pérola e Rubi.
E disse a Doutora Alforreca:
- Se eles foram para a montanha estão em grande perigo porque a terra treme devido a uma erupção que vai ocorrer na montanha.
Dirigiram-se os três em direcção da Montanha Vermelha. Quando viram a Pérola desmaiada no fundo do buraco e a aflição do Rubi, pensaram que a Pérola não se iria salvar. Mas a Doutora Alforreca disse:
- Já temos pouco tempo. A montanha está a entrar em erupção. O buraco onde Pérola está é tão fundo que só o polvo gigante poderá ajudá-la.
Rubi disse:
- Vou chamar com os meus ruídos característicos de golfinho, o polvo gigante que, se ouvir o meu chamamento virá ajudar!
Passado algum tempo surgiu o polvo gigante que andava à caça ali perto. Contaram-lhe o que se passava com a Pérola e rapidamente conseguiu puxar a Pérola para fora daquele buraco horroroso.
No fim a Doutora Alforreca gritou:
- Fugimos! A montanha está prestes a explodir.
Nadaram o mais rápido que podiam. Pérola ia presa nos tentáculos do polvo gigante. Finalmente chegaram à gruta onde morava Pérola. Foi então que ao olharem para a Montanha Vermelha que ficava lá longe, ela explodiu com uma chuva de lava avermelhada. Era um espectáculo maravilhoso.
Mas Pérola ao olhar aquele espectáculo pensou:
- É uma vista deslumbrante! Mas se eu lá estivesse, poderia ter morrido e os meus amiguinhos iriam ficar muito tristes.