Pois é. Ontem foi o Dia da Espiga, dia que coincide com a Quinta Feira de Ascensão, dia do nosso feriado municipal. É uma data móvel pois nem sempre se assinala no mesmo dia, por causa de ser à quinta-feira.
Sabem, quando eu era pequena, formavam-se muitos grupos de pessoas para irem ao campo "apanhar a espiga". Eu também cheguei a ir algumas vezes.
Preparavam os "farnéis" ou seja, a comida para o almoço, e lá seguiam a pé. Almoçavam

debaixo das árvores. Cantavam, dançavam e dormiam grandes sestas à sombra das árvores. Era uma alegria! Era nesse dia que, por vezes, as raparigas e os rapazes arranjavam namoro. Os sítios preferidos dos benaventenses para apanharem a espiga era o sítio das Bicas, que fica perto dos Camarinhais, ao lado do Parque de Campismo, a Sesmaria Santana, perto da Coutada Velha, S. Brás, porque este dia coincide sempre com a Festa que se realiza naquele lugar e o "Oito". O "Oito" é junto à Vala Nova, onde está agora o parque de merendas. Julgo que lhe chamavam assim porque se estivermos em cima da ponte e olharmos para os dois lados, a vala parece que forma o número oito. Não sei bem se é por isso, mas olhem é a justificação que eu encontro.
Ao fim do dia, antes de voltarem para a vila, todas as pessoas apanhavam então o ramo de espiga que era composto por malmequeres, papoilas, espigas de trigo, ramo de oliveira e de videira e alecrim. O ramo era por fim colocado por detrás da porta de entrada da casa de cada um e só era retirado no ano seguinte, quando fosse apanhado um novo ramo.
Belos tempos que não voltam mais. Nem mesmo em S. Brás se continua a fazer os piqueniques. Agora instalam-se tasquinhas e o pessoal vai lá petiscar. Já não há convívio como havia dantes.
Que pensam disto?