Na Rua do Pinheiro

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Carlos Augusto Gaspar

T
Texto e fotos retirados do livro "Carlos Gaspar" editado pela Comissão de Homenagem e com o apoio da Câmara Municipal de Benavente.



















No dia 22 de Maio de 1960, num edifício antigo de Samora Correia, situado na Praça da República e sede da Socoedade Filarmónica União Samorense, tentava-se arranjar espaço para colocar duas estantes com algumas centenas de livros - 508 para sermos exactos- oriundos da Fundação Calouste Gulbenkian.
"Seria o espaço para a montagem da primeira Biblioteca Fixa desta Fundação em Portugal ainda que, por questões burocráticas, viesse a ter o número dois."
"Tudo tinha começado dois anos antes com o encontro casual, entre dois homens: o escritor Branquinho da Fonseca, importante para a mudança do panorama das bibliotecas deste país e Carlos Gaspar, fundamental para a transformação cultural de Samora Correia.
Dinamizado pelo entusiasmo e perseverança de Carlos Gaspar e com o apoio de outros amigos a Biblioteca abre e rapidamente evolui sob dois grandes lemas, vanguardistas, que Carlos Gaspar institui:
- Quem faz a biblioteca é o leitor.
- A melhor forma de aprender é a brincar."
"As primeiras grandes vertentes da actividade da Biblioteca propostas por Carlos Gaspar são fundamentalmente duas: a divulgação do livro e da leitura e o apoio aos estudantes."
"...devido à dinâmica e estilo de trabalho proposto pelo casal Carlos e Odete Gaspar, permite a centenas de jovens e adultos o acesso ao estudo preparatório, secundário, profissional e até universitário, acesso que, de outra forma, não teria sido possível, fosse por incapacidade económica, fosse por falta de motivação ou perspectivas vocacionais.
Paralelamente, Carlos Gaspar cria, a partir de 1964, a Casa da Criança de Samora Correia...que passa então a ser um espaço de aprendizagem e brincadeira, complementar à biblioteca, em torno de diferentes expressões: plástica, música, teatro de marionetas, cinema, etc.."
"O seu funcionamento e as suas actividadessão conhecidas e saudadas em todo o lado."
"Este trabalho ultrapassa fronteiras e em 1972 é convidado a estar presente no Rio de Janeiro num seminário sobre literatura infantil. As suas comunicações causam tal impacto nos organizadores e participantes que é imediatamente convidado para visitar as inúmeras bibliotecas Monteiro Lobato em todo o Brasil e nelas transmitir a sua enorme experiência."
"...vieram inúmeras personalodades transmitir-nos a sua cultura e o seu saber através de maravilhosas e inesquecíveis palestras: Rui Grácio...Manuel Pina...Lopes Graça...Calvet Magalhães...Matilde Rosa Araujo...Arlindo Carvalho...Carlos Paredes...Etelvina LOpes de Almeida...e muitos mais."
"Em 1974, a biblioteca saiu do edifício da SFUS e foi instalar-se no palácio da Companhia das Lez+irias, porém passado pouco tempo um grande e horrível incêndio destruiu todo o palácio. Mas Carlos Gaspar consegue salvar praticamente todos os livros com a ajuda da população. Mais uma vez o Carlos Gaspar, que nunca esperou por milagres, actua imediatamente e consegue autorização para construir uma barraca num quintal da Companhia das Lezírias, na Rua Elias Garcia."


Para finalizar registo um dos testemunhos constante no livro:

"A verdadeira homenagem a Carlos Gaspar traduz-se em levar a cabo, no dia a dia de cada um de nós, o seu exemplo de vida. Sei que é uma homenagem difícil de lhe prestarmos. Mas sei, também, que é a única justa, frontal e íntegra, como o Carlos tem sido até hoje."

Carlos Augusto Gaspar morreu em 1998.




Muito mais haveria a escrever sobre este homem cuja vida dedicou à criança, ao livro, enfim à cultura. Eu tive o privilégio de o ter conhecido e de com ele ter tido longas conversas enriquecedoras.

                                       Obrigada, Carlos Gaspar!


Um grande XI-    









Sem comentários:

Enviar um comentário