Na Rua do Pinheiro

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Literatura dos Melhores Escritores do Mundo: As Crianças! O Ataque dos Tubarões

Durante o período lectivo 2009/2010, fui às turmas do 4º ano do Agrupamento de Escolas Duarte Lopes de Benavente a fim de ajudar as crianças a escreverem a sua própria história. O projecto chamou-se "Escreve e Passa a Outra" e como o nome indica cada turma escreveria um capítulo mantendo as mesmas personagens.


À primeira turma coube a tarefa de escolher o local das acções (mar, ar, ou terra) e quais as personagens e os seus nomes. Foi escolhido o mar para o desenrolar da história e foram criadas as personagens Pérola, uma curiosa sereia que só se mete em aventuras perigosas e Rubi, um simpático e prestável golfinho que, segue obedientemente Pérola para a salvar das embrulhadas em que se mete. No fim cada turma ilustrou o capítulo que escreveu, com desenhos muito bonitos. Só lhes digo que o resultado é maravilhoso! Digno de ser publicado para assim, as crianças se sentirem recompensadas e aliciadas a continuarem. Sim, porque se apelamos para que as crianças ganhem hábitos de leitura, editar o livrinho, mesmo a nível de uma edição reduzida para distribuir por elas, seria meio caminho andado para que o interesse pelos livros aumentasse! Mas pronto! À falta de melhor decidi publicar n`"Na Rua do Pinheiro" alguns capítulos da história da nossa sereia e do seu amigo golfinho, bem como algumas ilustrações produzidas.


Pensando num possível livro, escrevi o seguinte preâmbulo:



"Sempre gostei de escrever para as crianças. Delicio-me com as histórias e com as personagens que vão desfilando na minha imaginação e que caem no papel, qual passe de mágica. E quando as finalizo sorriu emocionada prevendo a alegria que irão proporcionar a todos os pequenos leitores.
Mas colaborar com os alunos do 4º ano do Agrupamento de Escolas Duarte Lopes, no sentido de eles próprios criarem a sua história, foi realmente compensador.
Este trabalho foi executado com a firmeza das suas ideias e com a partilha do diálogo entre todos. E durante todo o tempo em que o texto foi escrito, senti-me guiada pela imaginação prodigiosa daqueles escritores de palmo e meio.
Como já tive oportunidade de referir, sobre um trabalho que fiz anteriormente com as crianças das escolas, esta literatura se tivesse que ter um nome não seria decerto “Literatura Infanto-Juvenil” ou “Literatura Para Crianças”, mas seria com certeza “Literatura dos Melhores Escritores do Mundo."



Segue o I Capítulo, iniciado e ilustrado pela turma da professora Zé Claro:
O Ataque dos Tubarões

Era uma vez uma sereia que vivia no mar, um mar imenso e profundo, de águas límpidas e transparentes. A sua casa era uma gruta enfeitada de algas e flores marinhas.
A sereiazinha tinha os cabelos loiros e compridos, que lhe chegavam à cauda com escamas brilhantes, cor do coral. O seu nome era Pérola.
Tinha por amigo o golfinho Rubi, que muito a ajudava, quando a sereia, por ser muito curiosa, se metia em vários sarilhos. Rubi era muito meigo e brincalhão e quando soltava o seu riso característico todos os animais marinhos o ouviam no mar imenso.
Num certo dia, Pérola acordou e pensou:
- Como eu gostaria de conhecer outros mares…, outros animais marinhos…, outros corais… e praias de areia fina…! Vou pedir ao Rubi para me acompanhar na viagem e proteger, no caso de haver algum problema.
Quando a Pérola falou com o Rubi, este respondeu preocupado:
- Minha querida Pérola, isso é muito perigoso! Teremos de atravessar os sítios onde há animais muito perigosos, como as orcas e os tubarões tigre. E …como sabes, são uma ameaça para nós.
- Não há-de acontecer nada, porque temos de conhecer tudo o que existe à nossa volta. E se tu és meu amigo, tens de me acompanhar.
- Está bem! Eu vou. Mas vais sempre ao meu lado e atenta ao perigo.
A sereia Pérola fez a cama, cobriu-a com a colcha feita de flores marinhas, apagou o candeeiro-anémona, cerrou as cortinas das janelas feitas de algas esverdeadas, fechou a porta coberta de conchas e partiu com Rubi, que estava um pouco apreensivo com o que podia acontecer.
Pelo caminho encontraram vários peixinhos coloridos que os cumprimentavam e todos diziam para terem cuidado.
A determinada altura aperceberam-se de uns barulhos esquisitos. Parecia um motor a trabalhar. A sereia e o golfinho assustaram-se.

Diz o Rubi:
-Ai sereiazinha, parece-me o barulho de um barco de pescadores furtivos. E esses trazem sempre redes e podemos ficar presos nelas.
O barulho aproximou-se ainda mais. De repente, qualquer coisa cortou o corpo do golfinho que gritou:
- Já estou ferido! Temos de fugir antes que os tubarões nos apanhem!
Quando Pérola se aproximou do golfinho para o ajudar, sentiu que a sua cauda estava presa na rede.
Que grande aflição!



Como o capítulo prometia ser grande, foi concluído pela turma da professora Marta:

Pérola estava aflita. O seu amigo tinha sido ferido pela hélice do barco e ela estava presa naquelas malditas redes. Apetecia-lhe chorar porque nada podia fazer para ajudar o seu amiguinho.
O golfinho Rubi pensou que, por estar ferido e ensanguentado, continuava a correr perigo de vida devido aos tubarões e outros predadores, poderem aparecer ao cheiro do sangue, que se espalhou no mar. Estava muito dorido mas tinha de libertar Pérola das redes.
Aproximou-se, com dificuldade de Pérola, e com os dentes começou a rasgar a zona da rede que a prendia. Sentia-se quase a desmaiar pelo esforço que estava a fazer. Pérola gritou aflita:
- Amiguinho! Os tubarões podem chegar a qualquer momento. Vai-te embora e procura alguns amigos do fundo do mar para me ajudar!
- Não, não te abandonarei! Os amigos ajudam-se nas piores aflições! – E continuou a roer a rede.
Ao fim de algum tempo, Pérola conseguiu soltar-se. Finalmente estava livre.
Mas o perigo aproximava-se. Por entre cardumes das mais variadas espécies e cores, surgiram dois tubarões ameaçadores. Vinham em direcção ao Rubi. Pérola gritou:
- Vamos fugir Rubi! Eles vão atacar-te!
No meio daquela confusão ouviu-se:
- Ó Zé, vamos embora, que aqui já não apanhamos nada, a rede parece que está rota! Foi algum tubarão, é preciso ter cuidado!
- Acho boa ideia - Ouve-se o outro pescador responder – Vamos embora depressa!
Começou a ouvir-se o arranque do motor. O barco deu a curva com muita velocidade, fazendo com que o mastro da bandeira caísse na água. Os pescadores não deram pela falta dela e afastaram-se.
- Estamos salvos – Diz Pérola enquanto agarra o mastro da bandeira.
O Rubi ficou muito admirado. Pensou que Pérola estava a ficar doente. Salvos como? Não pode ser!
- Sabes Rubi, na escola que eu frequento no jardim do Coral Azul, ensinaram-me que batendo no nariz dos tubarões, eles ficam estonteados e podem afastar-se. Vamos tentar!
Os tubarões estão muito próximo do Rubi e de Pérola. Rubi tinha muitas dores e Pérola tremia de medo mas cheia de coragem. Então com toda a força que arranjou, deu pancadas no nariz dos tubarões. Como por milagre, estes começaram a ficar zonzos e desfalecidos.
Nessa altura Rubi disse:
- Fujamos agora Pérola! Vamos aproveitar este momento!
- Encosta-te a mim – Disse Pérola – Eu ajudo-te a chegar ao consultório do Dr. Tentáculo.
Lá seguiram com muita dificuldade, enquanto os tubarões os vêem partir e sem forças para os apanhar.
O Dr. Tentáculo morava perto do Jardim do Coral Azul, numa gruta gigante entre duas rochas.
Quando chegaram, e depois de Pérola ter explicado o que tinha acontecido, o doutor começou o tratamento. Rubi deitou-se na maca e o Dr. Tentáculo fez o penso muito rapidamente: com um tentáculo limpou a ferida, com outro desinfectou, com outro pôs algodão, com outro colocou a pomada, com outro cortou a ligadura, com outro colocou a ligadura, com outro colocou o adesivo e rematou com o xarope, feito de algas, para as infecções. Isto tudo ao mesmo tempo, Pérola ficou muito impressionada.
Rubi e Pérola estavam radiantes. O Dr. Tentáculo tinha sido incansável e podiam voltar para casa descontraídos.
- Pérola que isto te sirva de lição! É perigoso afastarmo-nos de casa, espero que não voltes a ter ideias destas!
Pérola sorriu e disse muito baixinho para o Rubi não ouvir:
- É tão bom descobrir coisas novas!


Brevemente publicarei mais um capítulo
Um grande xi-coração

2 comentários:

  1. QUERIA QUE VOCÊS ESCREVESE UMA HISTÓRIA PEQUENA PARA EU COPIAR KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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  2. Julgo que és um aluno que tem um TPC para fazer. Será? Se assim for, a dica que eu te dou é tentares escrever uma pequena história depois de uma lista inventada por ti, lista essa onde constará um lugar, um animal, uma pessoa e que tipo de pessoa, um objecto e por que não um sentimento. Por exemplo: lugar: floresta; animal: vaca; objecto: corneta; pessoa: lavrador, uma vez que há uma vaca; sentimento: solidariedade. A partir destas palavras inventa uma pequena história,em que utilizes todas estas palavras e podes, inclusive, acrescentar outras, a tua imaginação é que conta.Mas a história...terá de ter sentido, ter lógica, ok? Outro meio de conseguires uma história é analisares muito bem tudo o que te rodeia, mesmo os mais pequenos pormenores.Se, por exemplo, deparares com uma velhota sentada num banco de jardim, com um cãozinho ao seu lado,imagina o que é que ela estará ali a fazer, repara se está triste ou alegre e porque será, esperará alguém? o cão está bem tratado ou não? o que irá acontecer com a velhota e com o cão? A resposta está do lado da tua imaginação. Um grande xi-coração.

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